terça-feira, 14 de março de 2017

NÃO EXISTE EX-CROSSDRESSER





Por PAULA ANDREWS - 08/11/2004
A INTRODUÇÃO
Creio que quase todas as associadas do BCC conhecem uma de minhas frases preferidas. Aquela em que eu afirmo "NÃO EXISTE EX-CROSSDRESSER".
Pois bem, eu continuo pensando assim, mas algumas coisas diferentes tem-me acontecido e hoje, quando dava uma olhada no nosso grupo de correio eletrônico denominado ESPACO_SO (do qual sou moderadora) pensei numa possibilidade que gostaria de oferecer a apreciação de todas.
A PERGUNTA (01/11/2004)
PODERIA O AMOR DE UMA MULHER FAZER-NOS DEIXAR O CROSSDRESSING DE LADO?
Notem que digo AMOR. Não falo de PAIXÃO (que é curta, efêmera e mera atração sexual). Também não falo de AFETO, CARINHO ou DEDICAÇÃO (que são coisas que podemos ter de nossa mães, irmãs, amigas, etc...).
Falo daquele AMOR CANTADO PELOS POETAS (e que eu nunca consegui entender direito, exceto como desejo de eternizar pelas palavras um sentimento que me parece tão volátil).
AS RESPOSTAS
1. Por DENISE TAYNÁH
Creio que não.
Nesses meus idos 55 de chão e 2 anos e meio sabendo que sou um crossdresser, em nenhuma hipótese vou deixar de sê-lo.
O CDinng é algo que sempre me acompanhou desde a infância, está enraizado, constituído de uma forma sólida e sem retorno, que nem mesmo um amor puro e lírico por uma mulher, como o que os poetas e romancistas exaltam em suas obras, será capaz de destruir o que minha mente absorveu, absorve e absorverá.
Quem nasceu crossdresser tem que saber conviver com isto até o infinito.
2.  Por BRUNA ROMANELLY
Minha resposta é Não!!
3. Por DIANA MARIA CASADANA
A minha opinião, que não generalizo, é NÃO.
Em primeiro lugar pela certeza que hoje tenho de que somos MNG - Mulheres Não Genéticas - e tal condição não está ligada somente ao uso das vestes femininas, que considero apenas uma "ferramenta" para a nossa identificação.
Em segundo lugar já que a pergunta é o "amor de uma mulher" me parece que há uma condicionante que para a sobrevivência deste amor  há que  abandonar o ato em si do se vestir ou de "matar" a MNG que somos.
Como a segunda hipótese é inviável, resta a primeira que assim fica apenas como um ato de repressão.
Se o "amor de uma mulher" é realmente o "cantado pelos poetas", a aceitação da nossa condição, não será contestada. Se o for, não é AMOR ...
Aconteceu comigo há 14 anos e com a minha atual S/O
4. Por VERA LÚCIA JARDIM DE BRTIO
Trata-se de uma questão cuja resposta é de uma lógica cristalina.
Se existe uma relação de amor verdadeiro, a mulher não poderia nunca ignorar nosso CDressing, por fazer parte de nossa alma. Assim sendo, ela, amando de verdade, teria todo o empenho em nos fazer felizes, o que implicar aceitar o CDressing. Em hipótese alguma ela colocaria a questão: ou pára com isto ou não me tem mais!
Ao contrário, uma PAIXÃO sim pode barrar o nosso CDressing. Paixão é fogo que nada detém.
Imagine estarmos en homme e conhecermos uma mulher irresistível. A gente se apaixona e, quando percebe que ela não curtiria nunca este lado nosso, tentaríamos escondê-lo. E, se a coisa aumentasse, quem sabe não tentaríamos que largar de vez? O problema é que paixão termina com a mesma velocidade com que começou. Aí o CDressing voltaria mais forte do que nunca.
5. Por VICTÓRIA D'ÁVILA
Nenhuma forma de amor destrói. Apenas constrói.
Deixar de ser crossdresser é destruir a si mesma.
Portanto, se uma mulher ama de verdade, também ama a sua essência. E consequentemente ama do jeito que você é.
6. Por MARIA  ANTONIETA (Ella)
Uma proposição difícil. Mas existe aí, embutida na própria questão, uma outra que acredito ser fundamental. Não falemos "dela", dessa S/O admirável e que seria o supra sumo dentro de uma fictícia relação. Mas voltemos nossa atenção para "ele", nosso crossdresser!
Como ele vê este amor?
Pensa ele nos mesmos moldes que ela?
Tem ele o total desprendimento pelo mesquinho cunho de comportamento que se nos impõe a sociedade?
Será o nosso consorte, uma criatura que releva de igual modo e teor estes meandros tortuosos da vida?
Exercitemos duas hipóteses:
a) - Suponhamos que sim... que a força deste amor avassalador e, ao mesmo tempo tranqüilo e calmo por sua própria essência, tenha em nosso herói um espelho das definições de sua companheira. Acredito então que o crossdresser passará a ser secundário. Acho que, indo mais longe ainda, ela não terá tido muita razão para existir neste universo de perfeição semi-divina. Temo que se tivermos tal situação tornada real, e tão somente num caso como este, não haveria Crossdresser que continuasse como tal. A própria mentalidade teria dado um passo absurdamente imaterial, dentro do contexto de um paralelismo sincronizado com a pureza de esferas para nós inatingíveis e... até mesmo... incompreensíveis.
b) - Nosso herói é um canastrão. Ama sim, adora dentro de uma "ignorância" morna e insossa. E ... rindo ... como tal se coloca, é um festival de egoísmos próprio da condição humana. Não estou colocando a coisa de forma defectível. Apenas estou colocando a realidade. Você se refere às mulheres "Rodriguianas" mas lembre-se que para todas elas existiu uma situação quixotesca que ia de Allan Poe à Sidney Sheldon. Neste contexto, e leia-se aqui 99% das relações (já me explico), seria totalmente impossível vermos esta desistência. "Venha a nós o vosso reino" seria a tônica. Ela, a S/O fictícia e pilar deste exercício, teria que, à moda dos casamentos antigos e relacionamentos do pretérito, arcar com a divina e impagável atitude de submissão e renúncia citados. Dentro desta hipótese não haveria, creio eu, prejuízos para a nossa "heroína", até porque sua grandeza de espírito a imunizaria dos malefícios de uma possível fraqueza representada por hipotética revolta. Nosso cavalão seria um CD sim ... FOREVER ... sem que sua S/O tivesse o menor acesso ao seu mundo ignóbil e presente, infelizmente, na maioria de nós.
Que venham as pedras!!
7. Por CANDICE HIHEELS
Eu diria que deixaria sim o CROSSDRESSING. Assim entendida apenas a sua prática e não o ser crossdresser.
CROSSDRESSER é um sentimento, eterno; CROSSDRESSING é o exercício temporário daquele sentimento.
Porém, o AMOR, como foi dito, é um sentimento tão volátil e, assim sendo, um dia pode se acabar. Aí aquela SEMENTINHA, que nasceu e ficou dentro de nós, voltará com toda a força... É o CROSSDRESSER, que ficou contido, aflorando novamente. Junto com ele, o CROSSDRESSING poderá renascer.
Sim, não existe EX-CROSSDRESSER... o que existe é CROSSDRESSER que, por algum motivo, ficou escondido DENTRO DO ARMÁRIO!
REVISANDO A INTRODUÇÃO
Por PAULA ANDREWS
Eu tinha a certeza de ter formulado corretamente a pergunta, mas lendo as respostas de vocês, verifiquei na pele o que escrevi numa outra mensagem desta semana: a linguagem escrita é carrasca !!!
Digo isso porque pensei ter perguntado o que queria perguntar mas perguntei outra coisa.
Vou então refazer a pergunta. Ou melhor, explicá-la mais detalhadamente.
A REVISÃO DA PERGUNTA (02/11/2004)
Vou repetir para as que não leram a mensagem original: estava falando de amor; não de paixão e nem de sentimentos vizinhos como amizade, companheirismo, dedicação, etc ...).
O AMOR QUE A MULHER DE MINHA PERGUNTA DEDICA A SEU COMPANHEIRO É AMOR (por hipótese) INCONDICIONAL. ELA NÃO REPROVA O CROSSDRESSING DE SEU COMPANHEIRO. NÃO LHE IMPÕE CONDIÇÕES. NÃO LHE REPRIME, NÃO O TOLHE, NÃO O IMPEDE DE COISA ALGUMA E NEM LHE CRÍTICA. AMA-O COMO ELE É. NÃO QUER MUDÁ-LO. ACEITA-O E AMA-O COMO AS MULHERES RODRIGUIANAS AMAM SEUS HOMENS: SEM QUAISQUER CONDIÇÕES.
E SEU COMPANHEIRO, OBJETO DESSE GRANDE E INCONDICIONAL AMOR TAMBÉM A AMA. É CROSSDRESSER, ISSO É CERTO. E AMA ESSA EXTRAORDINÁRIA COMPANHEIRA QUE NADA LHE COBRA. SENTE-SE PREENCHIDO POR ESSE MÚTUO AMAR.
AÍ VEM A PERGUNTA: SEM QUALQUER IMPOSIÇÃO, SEM QUALQUER PEDIDO, POR FORÇA APENAS DO EXERCÍCIO DO TAL AMOR: HAVERIA ALGUMA POSSIBILIDADE DE NOSSO PERSONAGEM (vejam que já lhe atribuo existência ficcional), DE FORMA NATURAL, NÃO SOFRIDA, NÃO DOLORIDA, DEIXAR O CROSSDRESSING (em definitivo; não apenas como purge temporária para expiação de culpa ou potência do desejo derivado da paixão)
ESSA É PERGUNTA. ACHO QUE AGORA EM SUA FORMA CORRETA.
AS RESPOSTAS A PERGUNTA REVISADA
1. Por SAMANTHA VOLLPI
Na minha opinião, NÃO. Duvido muito que uma crossdresser deixaria, por livre e espontânea vontade, de se vestir e se sentir mulher, ainda que estivesse vivendo um grande amor. Pra mim, quanto maior for o amor, maior também será o tesão e a admiração. E devido a essa grande admiração, maior a vontade de se produzir. Pois é justamente por causa da admiração pelas mulheres que queremos ser uma. Ainda mais nas condições citadas, sendo ela uma S/O, apoiando e não restringindo em nada. Pode até haver diminuição na freqüência das montagens, mas, deixar de vez? NUNCA !!!
2. Por MÁRCIA REGINA MOREIRA
Num mundo ficcional, rodriguiano, onde está sendo colocado o nosso personagem, a resposta é afirmativa. Sim, ele poderia deixar definitivamente o crossdressing!!!
Contudo, no mundo real, na minha opinião, a resposta é veementemente negativa.
Não acredito na possibilidade de abandono definitivo do crossdressing, independentemente da intensidade desse amor.
3. Por CARLINHA NIKITI
Acho que num mundo como o relatado, em que ambos se aceitam e se respeitam, amando-se incondicionalmente, não haveria nem necessidade de o marido obstruir esse lado Crossdresser existente. O amor e a compreensão de ambas as partes fazem por si só a relação muito forte e dificilmente algo irá destruir esse amor.
4. Por ADRIANA MELO DE CASTRO
Sim, largaria. Se na cabeça do nosso protagonista o crossdressing só serviria para sujar a pureza deste amor incondicional, sim ele largaria. Não existe regra que não tenha exceção, não existe ex-crossdresser, esta é a regra, mas as exceções desta, acredito que apenas nunca ouvimos falar pois nenhuma CD talvez, tenha voltado para falar.
Mas, na verdade esta história está um pouco contraditória, se a mulher não se incomoda nem um pouquinho com o crossdressing do marido e ama-o exatamente do jeito que ele é, significa que ele não possui motivos para largar tudo. Seu único dever é a reciprocidade, ou seja, amá-la incondicionalmente independente de seus desejos e acima de tudo respeitá-la.
5. Por CANDICE HIHEELS
Agora entendi.
Antes estava julgando que ele, em retribuição ao AMOR de sua amada, seria capaz de renunciar à prática do CROSSDRESSING. Mas, quando esse AMOR terminasse, retornaria à prática do CROSSDRESSING, pois, a semente do CROSSDRESSER permanecia dentro de si.
Agora, reformulada a pergunta e, tendo-se em conta QUE ELA NÃO REPROVA O CROSSDRESSING DE SEU COMPANHEIRO, QUE NÃO LHE IMPÕE CONDIÇÕES, QUE NÃO LHE REPRIME, QUE NÃO O TOLHE, QUE NÃO O IMPEDE DE COISA ALGUMA E NEM LHE CRÍTICA, QUE O AMA COMO ELE É, QUE NÃO QUER MUDÁ-LO, QUE O ACEITA E AMA COMO AS MULHERES RODRIGUIANAS AMAM SEUS HOMENS, SEM QUAISQUER CONDIÇÕES, e considerando ainda QUE SEU COMPANHEIRO, OBJETO DESSE GRANDE E INCONDICIONAL AMOR, TAMBÉM A AMA, É CROSSDRESSER, ISSO É CERTO, E AMA ESSA EXTRAORDINÁRIA COMPANHEIRA, QUE NADA LHE COBRA, então, não há razão para MUDAR os seus hábitos. Pelo contrário, ambos se respeitam e se complementam, assim  COMO SÃO, ELA SERIA UMA S/O PERFEITA. Então, POR QUE MUDAR o algo que satisfaz a ambos? Seria o mesmo que perguntar se as S/O's (de verdade) vivem cobrando, de seus companheiros, a renúncia ao CROSSDRESSING... então, elas não são S/O's! Certo?
6. Por VERA LÚCIA JARDIM DE BRITO
Continuo a achar que não. A CD não deixaria sua condição. Tudo bem, você encontra a mulher dos seus sonhos, ela vira a mulher da sua vida, você se apaixona, vivem juntos momentos inesquecíveis, com muita afinidade e o amor torna-se grandioso. Durante a época da paixão, o CDressing vai para o espaço. A pessoa pensa: "puxa, que falta de graça em se montar comparado à maravilha da minha relação, à maravilha da minha mulher!".
Mas um belo dia, quando o fogo da paixão amainar, ele olha em redor, ele a vê linda e maravilhosa, de lingerie e nesse momento pensa: Nossa!! que lingerie deslumbrante!!! Será que ficaria bem em mim? Aí, já viu, né? Precisa falar mais????
7. Por SUZY KELLY
Acho que sou crossdresser de carteirinha. Aquele que parece já ter nascido assim, com essa verdadeira síndrome da incontrolável vontade de usar coisas femininas. Acredito que as CDs com essas características jamais deixarão de ser crossdresser. Mesmo junto do maior amor de sua vida.
Olhando para dentro de mim, imagino que todas as demais CDs sejam iguais. Imagino que tenham os mesmos sentimentos e as mesmas vontades.
Sempre adorei as mulheres e sempre quis ser como elas, não para disputar os homens que as cercavam, mas para poder ficar mais perto delas, poder trocar confidências e poder falar das coisas femininas ou das coisas mais apropriadas ao mundo feminino. Era como um amor platônico, contemplativo, embora sinta grande atração sexual por elas, mesmo estando vestido como uma mulher. Mas, acho que o amor platônico pesa mais, embora sejam deliciosas as curvas, a maciez, a delicadeza e atrativo o cheiro das mulheres.
Mesmo quando estava amando desesperadamente a que seria a mulher da minha vida, nunca deixei de também querer estar mulher. Fazia questão de comprar suas lingeries, seus vestidos e demais acessórios como se ela fosse a manequim para expor aquilo que eu queria usar e que em determinados momentos também usufruía. Sempre procurei reparar nas mulheres algo de novo que eu também pudesse ter ou ser. Sempre quando vejo uma mulher bonita, sinto uma imensa vontade de estar no corpo dela. Era exatamente isso que sentia pelo grande amor da minha vida, além de sexualmente tê-la ardentemente.
É pena que não tenha encontrado uma mulher que me quisesse assim como eu sou. Acho que, se realmente fosse uma mulher, seria lésbica. E gostaria apenas da lésbicas com tendências femininas e nunca, masculinas.
Pelas respostas parece algo perto da teimosia. Mas, não é. Pode até estar mais perto da insanidade. Pois é algo incontrolável que faz com que a crossdresser seja sempre crossdresser.

Extraído de :http://www.bccclub.com.br/

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