A Ester Beatriz, blogueira de um dos meus blogs favoritos, o Saber é Bom Demais, levantou o assunto sobre Crossdressing Masculino que, segundo o Wikipedia pode ser definido como o termo para “pessoas que vestem roupas ou usam objetos associados ao sexo oposto”. Lógico que, na prática a história é um pouco mais complexa já que o primeiro pensamento que nos ocorre quando vemos um homem vestido de mulher é que ele é gay. Ai, temos um grande engano.
De acordo com o Glossário LGBT, os crossdressers “sentem-se bem com o seu sexo biológico e não querem mudá-lo. Contrariamente às crenças populares, a maioria dos Crossdressers dizem-se heterossexuais”. O que comprova essa definição é a declaração dada em entrevista ao Programa do Jô,que foi ar no dia 11 de novembro de 2008, pela psicóloga e piscanalista Eliane Kogut na qual afirma que, até então, não havia conhecimento de um crossdresser que fosse homossexual. Segundo ela a maioria dos que eram casados, recebiam apoio de suas esposas que, via de regra, achavam glamuroso:
Esse comportamento não depende da vontade dele. Ele surge de uma necessidade. Geralmente inicia entre os quatro e os seis anos de idade quando começam a vestir roupas da mãe ou da irmã que ficou secando no banheiro. Então ele começa a vestir essas roupas e aquilo se torna algo muito forte. (fonte –entrevista)
O que no inicio soa incomum para aqueles que não conhecem os princípios do crossdressing, é mais comum do que se pode imaginar. No mundo do rock há diversas referências a essa prática e entre os roqueiros, alguns praticantes. Logicamente que não é possível listar todas as referências ao crossdressing masculino, mas abaixo alguns exemplos para que se tenha noção do que isso significa na cultura musical.
Kurt Cobain
O líder de um dos movimentos mais culturalmente agressivos da história da música , Kurt Cobain, preferia camisolas a pijamas. Vez que outra aparecia vestido de mulher muito mais porque gostava do que para chocar, o que seria bastante comum. No filme-tributo a Cobain, Last Days, o personagem principal, Blake, passa a maior parte do tempo em que está em casa, perambulando com uma camisola preta. O clipe In Bloom, um dos mais bem humorados do Nirvana, alterna imagens da banda supostamente nos anos 60 com imagens do trio vestido de mulher.
J-Pop / J-Rock
Miyavi
Impossível desassociar o Crossdressing do rock japonês, conhecido como J-rock ou, no caso do talentoso Miyavi, J-pop. O cara não é gay e nem pode ser chamado de excêntrico. Apenas, um dos mais famosos artistas que aderiram o visual Kei.
Versailles – Philharmonic Quintet
Formada em 2007 no japão, a Versailles é uma junção de ex-integrantes de outras bandas. As roupas impressionam pelo luxo e sofisticação que traduzem o estilo musical do grupo. Quem olha rapidamente consegue contar, pelo menos duas mulheres, mas não. Todos são homens e heterossexuais que simplesmente adotam o crossdresser como parte de suas vidas.
U2 – One (Berlin Version)
Da lista de músicas do U2, esta é uma das que mais possui versões de vídeos oficiais. A primeira, dirigida pelo conceituado Anton Corbjin é uma das mais conhecidas ja que traz os integrantes vestidos de mulher, porém sem gestos afeminados. Nele, há explicitas referências ao crossdressing masculino. Como a canção tem como temática principal a AIDS, Bono decidiu fazer uma segunda versão do clipe (a bar version)para que o fato de eles estarem vestidos de mulher não fosse interpretado como uma associação direta da doença e o publico gay que, certamente, não era esse o objetivo.
King for a day – Green Day
O Green Day já cantou as glórias e angústias de um crossdresser na música King for a day, do álbumNimrod, de 1997, na qual narra a experiência de vida de um desde a tenra idade.
Meu pai me jogou na terapiaEle pensa que não sou homem de verdadeQuem colocou Drag na Drag Queen?Não bata na porta antes de entrar
Prince
Desde sempre, Prince aliou roupas femininas a sapatos e botas de salto alto o que culminou em um sério problema no quadril noticiado há cerca de dois anos. O cantor de aparência andrógena ja foi casado duas vezes e é testemunha de Jeová convicto. Ao se converter, se colocou contra o casamento gay, o aborto e ate mesmo os homossexuais tendo como base de seu discurso a Biblia Sagrada. O auge de sua carreira foi nos anos 80 quando suas roupas aliadas a sua performance trazia uma atmosfera transgressora em meio ao politicamente correto mundo pop.
Queen – I want break free
A maior referência pop ao crossdressing é na verdade uma sátira a um das novelas mais tradicionais da TV britânica, Coronation Street, no ar desde 1960. Segundo Bryan May, o clipe arruinou o sucesso da música na América já que, diferentemente de no Reino Unido, as pessoas não associavam os membros vestidos de mulher à novela inglesa, mas sim interpretavam como uma declaração aberta ao homossexualismo de Mercury.
No blog da Crossdresser Kate há uma referência a este vídeo como sendo o divisor de águas para que iniciasse sua fixação por certas peças femininas como saias emborrachadas e colants.
O clip tem várias cenas que por algum tempo povoaram a minha mente Lembro que minha mãe tinha uma meia de lycra grossa cor da pele que mais parecia uma calça e um colant da mesma cor e textura… Há! como eu adorava vesti-los… era uma sensação maravilhosa!
Ou seja, mais do que uma simples paródia, o vídeo influenciou o comportamento e a visão de muitos e por isso é listado como uma referência CD pop moderna.
Aerosmith – Dude is like a Lady
Há quem diga que Steven Tyler é um crossdresser dos mais conhecidos porém poucas referências foram encontradas sobre isso. Talvez seus acessórios essencialmente femininos como echarpes e longos casacos esvoaçantes possam caracterizar o estilo, desde que venham acompanhados do prazer de se vestir daquela maneira associando-o à figura feminina. Especulações a parte, a verdade é que um dos maiores sucessos da banda, Dude is like a lady é uma referência ao crossdressing tanto masculino quanto feminino.
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