Desde que o cartunista Laerte apareceu de saia, salto alto e batom o assunto veio à tona. Mas o fetiche de vestir roupas do sexo oposto vem de muito tempo. O termo crossdresser é atual e significa em tradução literal “vestir-se ao contrário”. Nos Estados Unidos e na Europa este termo é bastante utilizado e diferencia a fantasia de usar roupas do sexo oposto das preferências sexuais de cada um. Como o assunto é tabu gera preconceitos e estranheza.
No Brasil, existe um site criado há 14 anos por Monique Michele, Deborah Lee, Priscila Queen e Deborah Cristina (nomes fictícios) voltado ao assunto chamado Brazilian Crossdresser Club (BCC), pioneiro no tema. O BCC é voltado a homens que vestem-se como mulher, pois existe também o crossdresser masculino, ou seja, mulheres que vestem-se como homens. Segundo o site, a finalidade é a integração social entre pessoas que têm a fantasia de usar roupas do sexo oposto ou crossdresser.
O site deixa bem claro que não tem caráter sexual ou de encontros. As informações colocadas no portal são dividas por assunto, associadas por região e como fazer para entrar no clube. A anuidade custa R$ 120 reais e a associada tem direito a um perfil dentro do site, ajuda do webmaster e participar do Holiday en Femme, eventos onde todas se encontram, que pode ser um cruzeiro, uma festa ou viagens, inclusive com o direito de levar suas esposas. Hoje há 310 associadas inscritas no Brasil e 26 no Paraná.
Fetiche
É importante fazer uma distinção. Os crossdressers não são necessariamente homossexuais. A opção em usar roupas do sexo oposto é uma fantasia, um fetiche. Os crossdressers não modificam o seu corpo por meio da terapia hormonal ou cirurgias, como os transexuais, e muitos têm orientação heterossexual.
O crossdresser é um desafio até mesmo para a área médica. Isso ocorre por falta de informações e estudos detalhados sobre a prática. Para a psicóloga Telma Linhares, o fato de vestirem-se com roupas do sexo oposto não os coloca na categoria classificada pela Associação Brasileira de Medicina, como “transtornos de identidade gênero”.
“Os crossdressers se vestem assim para uma realização particular, é apenas uma fantasia”, afirma a psicóloga.
“Os crossdressers se vestem assim para uma realização particular, é apenas uma fantasia”, afirma a psicóloga.
Alguns crossdressers concederam entrevista para a Revista Ideias e revelam um pouco deste universo enigmático, que subverte o padrão convencional do ver, ser, fazer, e por isso mesmo, cumpre um papel ousado e questionador. E como qualquer atitude que ultrapassa limites e regras mais conservadoras, estremece linhas tênues de comportamento, provoca reações polêmicas e o principal: faz “pensar ao contrário”.
Personalidade masculina
Suzana Rodrigues é de Curitiba e tem 35 anos. Trabalha como assistente administrativa. Ela explica que “ser crossdresser, nada mais é que gostar de se produzir e estar como mulher, independentemente da escolha sexual”. Suzana diz que pelo preconceito, ainda há poucas crossdressers que se arriscam a sair produzidas de casa. “É muito difícil ter pessoas da família e amigos que aceitem tranquilamente, pois há certos “rótulos” que virão junto com você, como de você ser gay ou travesti, como se quiséssemos apagar por completo nossa personalidade masculina, o que não é verdade. E esses preconceitos são muito difíceis de mudar”, desabafa.
Suzana conta que há pessoas de diversas classes sociais que são crossdressers e explica que muitos não conseguem viver de uma maneira plena esse estilo de vida, por preconceito e por causa da profissão, e revela que existe o crossdresser masculino também, que são mulheres que gostam de se vestir como homem.
Universo feminino
A história de Suzana começou quando tinha 17 ou 18 anos, e por morar apenas com a mãe e a irmã, acabou tendo contato com universo feminino que sempre gostou. O desejo pelo “estar feminina” sempre a atraiu, até que um dia, sozinha em casa, se produziu com roupas de sua irmã, e isso só desencadeou um desejo cada vez mais constante de estar produzida.
“No dia a dia, que é como homem, tenho muitas coisas a fazer, e nem sempre acontece de eu poder me produzir, pois existem várias variantes que eu considero, pois minha família não sabe que sou crossdresser, nem meus amigos, ou seja, é uma identidade paralela, que normalmente quem me conhece como Suzana conhece a Suzana, e quem me conhece como homem, apenas me conhece dessa forma”.
Suzana conta que existem eventos que o Brazilian Crossdressing Club organiza para que as crossdressers possam ir, por exemplo, em cruzeiros, onde elas podem estar como mulher, inclusive podem levar suas esposas — quando elas sabem e apoiam — e amigos, ou mesmo bares GLS (gays, lésbicas e simpatizantes) onde possam se sentir confortáveis como mulheres e tratadas como tal.
Biquíni
Juliana Pinque, curitibana, tem 35 anos e trabalha como autônoma. Explica que crossdresser é “homem que se veste de mulher sem que isso influencie em sua opção sexual”. Declara-se heterossexual e diz que sua história começou quando resolveu vestir a roupa que uma namorada havia deixado em sua casa. Juliana diz que no dia a dia não costuma se vestir de mulher, mas que já passou 15 dias na praia de biquíni e adorou. Conta também que teve namoradas que gostavam desta fantasia, que para elas era como “brincar de boneca, só que no caso, eu era a boneca, que elas vestiam, maquiavam e muitas vezes saíam juntas assim”.
Preconceito Yummy, curitibana, tem 39 anos e trabalha como engenheira. Define crossdresser como “poder se postar em situações do sexo oposto”. Começou mais como uma curiosidade, quando na época de ginásio aproveitava a ausência de familiares em casa para experimentar roupas e maquiagens da irmã e da mãe. Yummi também não pode incorporar na sua rotina a sua vestimenta feminina, mas sai ocasionalmente em baladas.
Sobre o preconceito, Yummi diz que não sente muito porque quando está vestida de mulher frequenta ambientes discretos ou favoráveis a isso, mas dispara: “existe somente a percepção geral, no meio da sociedade que convivemos, que deve sim existir muito, haja vista a quantidade de comentários, brincadeiras que o tema ainda provoca”.
Fantasias
Selminha Rocha, 54 anos, nasceu em Maringá e mora em São Paulo, onde atua como consultora empresarial. Ela diz que ser crossdresser é muito mais do que se vestir de mulher. “É algo que existe dentro de cada um, e que nem por isso qualifica como homossexual. Eu, por exemplo, não curto homem, é algo que me fascina apenas provocá-los, isso sim me excita e muito”.
Selminha conta que sempre teve bons relacionamentos com mulheres e encontrou muitas delas que participaram e contribuíram com seu lado feminino.
Ela revela que viaja muito na sua profissão, hospedando-se em hotéis. “Isso facilita e muito as minhas montagens, mas uma coisa é certa; já faz anos que só uso calcinha mesmo no dia a dia, muito raramente uso cuecas.
Diz que algumas pessoas sabem do seu modo de vida, mas a maioria “não imagina e nem sequer sonha”. Selminha conta que viveu por oito anos com uma crossdresser em Paranavaí e “com ela eu era homem e mulher”.
Sobre preconceito, Selminha é categórica. “Um dia sei que isto será superado e que talvez eu não esteja mais aqui para ver, mas quer saber, prefiro assim, acho que é um objeto de controle e que me deixa um pouco mais comportada, penso que se não fosse assim, acho que ficaria sem graça, é como um namoro às escondidas, quando descobrem, perde-se o encanto, entende?”.
Juliana Pinque adora vestir
as roupas das namoradas
as roupas das namoradas
Suzana Rodrigues define crossdresser
como um estilo de vida
como um estilo de vida
QUEM PENSOU AO CONTRÁRIO
História
Maria Quitéria nasceu em feira de Santana, na Bahia, em 1792. Estava noiva quando, entre 1821 e 1822, iniciaram-se na província da Bahia as agitações contra o domínio de Portugal. Maria Quitéria pediu ao pai, Gonçalo Alves de Almeida, autorização para se alistar. Tendo o pedido negado pelo pai, fugiu. Depois, cortou os cabelos. Vestindo-se como um homem, dirigiu-se à vila de Cachoeira, onde se alistou sob o nome de Medeiros, no Regimento de Artilharia, onde permaneceu até ser descoberta pelo pai, duas semanas mais tarde. Defendida pelo Major José Antônio da Silva Castro (avô do poeta Castro Alves), comandante do Batalhão dos Voluntários do Príncipe, foi incorporada a esta tropa, em virtude de sua facilidade no manejo das armas e de sua reconhecida disciplina militar. Na condição de Cadete, envergava uniforme de cor azul, com saiote feito por ela, além de capacete com penacho.
Política
Stu Rasmussen (1948) é um político americano e homem de negócios do estado de Oregon. Foi eleito presidente de câmara da cidade de Silverton em novembro de 2008, tendo sido eleito duas vezes antes para o cargo na década de 90. Rasmussen afirma que praticou o crossdressing toda a sua vida, mas só se revelou publicamente como tal em 1993. Rasmussen tem um relacionamento com a mesma mulher, Victoria Sage, há mais de 30 anos. Ele vive como homem e faz-se tratar no masculino.
Cinema
O cineasta americano Edward Davis Wood Jr. (1924 -1978), o Ed Wood, vestia-se como mulher. O filme Glen ou Glenda (1953) é sobre esta fantasia. Em 1994, Tim Burton fez um filme sobre o cineasta, que mostra o fetiche de Wood, interpretado por Johnny Depp (foto). Wood dirigiu os últimos filmes de Bela Lugosi, o célebre intérprete do Conde Drácula, de quem era grande admirador.
Moda
A estilista francesa Coco Chanel (1883-1971) foi quem modernizou a moda e fez calças e trajes masculinos para as mulheres usarem em uma época em que isso era considerado um verdadeiro absurdo. Se não fosse Chanel, a moda estaria um tanto quanto antiquada. Além disso, inovou no corte de cabelo e lançou o clássico “chanel”, mais curto, e elegante até hoje. Chanel reinventou um estilo, vestindo as mulheres de homens da maneira mais sedutora possível. Se não fosse por ela, as mulheres não estariam usando calças compridas hoje.
Rock
O Glam Rock é um movimento que surgiu na Inglaterra no final dos anos 1960 e ganhou fama no início dos anos 70, que ficou conhecido pelo visual das bandas, com maquiagens exageradas e roupas chamativas. Bandas como New York Dolls (foto), Gary Glitter, Mott The Hoople e o camaleônico David Bowie são exemplos. Na década de 1980, veio o Glam Metal - Poison, Motley Crue, Wasp, e o New Wave com Adan and The Ants, Human League, Soft Cell.
Sinto tesão no cu e no pinto.
ResponderExcluircdbaixinha@gmail.com
Vendo as fotos meu pinto ficou duro e meu cuzinho está piscando de tesão
sp e interior de sp com local, sem nenhum tipo de envolvimento.
Adoro mulher que gosta de inversão