quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

A arte de ser “cross-dressing” é voltada aos mais diferentes gêneros.




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O personagem da novela da Globo “Império” surpreende na trama ao refere-se sobre a sexualidade da Xana personagem de Aílton Graça, que, revelando que não é gay nem travesti. Na verdade ele é um crossdresser, um homem que gosta de se vestir de mulher e gosta de mulher, Lorraine (Dani Barros) resolve perguntar se ele não gosta de homem, e Xana dispara: “Já me viu com algum bofe, por acaso?”. Ela responde que não e ele pergunta com quem dorme todas as noites. Animada, Naná (Viviane Araújo) responde: “A coxuda aqui, é claro!”. A morena então fica logo chocada e percebe o que realmente acontece: “Tá me dizendo que vocês… (esfrega os indicadores)”. Xana então responde: “Tou dizendo que as aparências enganam!”. Depois, Lorraine pergunta o motivo dele se vestir de mulher, “Tem a ver com satisfação interior, uma necessidade de se vestir de mulher, sem desejar uma troca de gênero… Se você reparar, me refiro a mim mesmo no masculino. Você já me viu pedir pra criançada me chamar de tia Xana? Não! É tio Xana. Mas esquece isso, vai dar um nó na tua cabecinha…”, revela o cabeleireiro, este personagem da novela veem mostra que a existência real dessas pessoas estão no cotidiano nosso dia a dia e cada dia que se passa eles se tornam mais presente e mais reais.
Há muitos anos que os homens veem se vestindo de mulher seja na vida real, ficção que veem sendo representando em filmes, desenhos animados, novelas seriados, cosplay, onde personagens de sexo masculino se travistam para se livrar de alguma situação embaraçosa ou até mesmo conseguir alguma coisa com sedução feminina e também forma de expressão teatral, um grande exemplo da inserção do crossdresser esta nos desenhos animados como em dois grandes personagens adorado pela criançada por diverti com situações engraçadas e divertidas: Pica Pau – Woody Woodpecker 1951 se veste de mulher claramente parodiando a atriz Rita Hayworth para conseguir entrar de graça (mulheres acompanhadas não pagavam) na festa em que Leôncio é o anfitrião.
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Já o personagem Pernalonga Looney Tunes com varias personificação feminina, vejam um pequeno resumo de algumas das suas aparições vestida de mulher para seduzir os outros personagens e conseguir sempre o que deseja.
Sendo uma cultura mundial a arte do cross-dressing vem crescendo aqui no Brasil essa tendência fantasia ou fetiche começa a ganhar muita força saindo do clubinhos fechado para viver na real os chamamos de crossdresser ou com termo popular CD, ele é voltada aos mais diferentes gêneros, sua difusão é cada vez maior vem conquistando à diversos adeptos, sobretudo na Internet, em sua maioria formados por pessoas de todas as classe  de homens, objetivo central é de representar do modo mais verossímil a figura do sexo oposto, para tal, diversos objetos poderão ser utilizados: (Vestuários Feminino) vestidos, passando por batons e gloss ainda sobre o fetiche, ele poderá ser praticado tanto por homens como por mulheres não representa nenhuma conotação quanto à opção sexual do praticante.
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O que é Crossdresser?
Para entender melhor essa pratica do crossdresser,o homem sendo uma pessoa comum, como outra qualquer, os termos crossdresser, travesti ou “transgênero” são usados para descrever um homem que regularmente assume a aparência do gênero feminino a fim de satisfazer uma profunda necessidade pessoal que pode estar ligada aos mais variados tipos de motivação. Usamos o termo “crossdresser”, ou simplesmente CD, para designar homens que se travesti de mulher, mas que não permanecem montados 24h por dia e sendo reconhecido com a expressão de “sapo” quanto estão com sua forma masculina,  tampouco exercem atividades remuneradas na indústria do sexo, sendo provenientes de todas as raças e classes socioeconômicas existentes na sociedade desde solteiros a casados, patrões a empregados, doutores a analfabetos, ricos a pobres, pretos a brancos, jovens a velhos, hetero, bi ou homosexuais – todos os tipos de pessoas, indistintamente, podendo se revelar seu desejos, até o momento, não existe nenhuma resposta definitiva a respeito do que leva uma pessoa, nascida do sexo masculino/macho, a desenvolver essa necessidade de se vestir ou de se comportar socialmente como mulher/fêmea. O que se sabe é que o não atendimento de tal necessidade acarreta estados de intensa angústia e ansiedade no crossdresser, a orientação sexual e seu órgão genital de uma pessoa é algo completamente distinto da sua identidade de gênero. A diversidade da orientação sexual humana existe entre os crossdressers nas mesmas proporções em que existe na sociedade em geral.
De fato, como provêm de todas as camadas da população, o provavelmente será um indivíduo com orientação heterossexual, casado e com filhos. Mas isso evidentemente não exclui a existência de crossdresser sejam homossexuais, bissexuais ou assexuais, a hipótese que é atualmente mais aceita explica o fenômeno do crossdressing/travestismo como resultado de uma combinação de inúmeros fatores socioculturais com a herança genética individual de cada um, dentre os fatores socioculturais, os estudos incluem itens como modo de criação, expectativa dos pais, educação recebida, percepção individual dos padrões de gênero, etc. Na herança genética individual, os estudos já contemplaram itens que vão desde a carga genética em si (existiria um gen “transgênero”?) até uma acentuada descarga de hormônios femininos no feto masculino, ainda no útero da mãe. Contudo nenhum desses estudos aponta para uma conclusão irrecorrível quanto às verdadeiras causas do fenômeno, em termos concretos, o travestismo é simplesmente a expressão de uma identidade de gênero feminina através do vestuário, assumida e praticada por uma pessoa de sexo masculino(travestismo refere-se basicamente a homens que se vestem de mulher, uma vez que, nos dias atuais, a sociedade não opõe nenhuma resistência significativa a que uma mulher se vista como homem), de acordo com a lógica social, que está longe de ser a lógica da natureza ou a lógica de cada indivíduo, um macho deve enquadrar-se naturalmente no gênero masculino. Sendo que o crossdresser representa tanto uma contradição quanto uma afronta aos padrões de comportamento esperados de um indivíduo macho pela sociedade, mas  sua identidade de gênero  sempre será percebida pelo próprio crossdresser, o travestismo não pode ser considerado ao menos o menos autêntico ou verdadeiro do que a masculinidade ou feminilidade expressa por qualquer macho ou fêmea perfeitamente identificado com o gênero que a sociedade lhe atribuiu, para que ninguém imagine tratar-se de mais que um modismo da Internet, é necessário lembrar que o crossdresser é uma das mais antigas manifestações da humanidade, havendo registros da sua existência em praticamente todas as culturas de todas as épocas e em todos os lugares ao redor do planeta. Sempre houve crossdresser em toda a história da civilização. Inclusive, em virtude das suas características dúbias, tão únicas e especiais. A predisposição cultural de uma dada sociedade em relação ao crossdresser é que determinará se esse fenômeno vai ser ou não “um problema” para aquela cultura.
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Exemplo histórico secular do Crosssdresser são as primeiras gueixas, que eram na verdade simplismente homens, pode até parecer bizarro, mas foram eles que deram origem às famosas gueixas. As gueixas do sexo masculino eram conhecidos como Taikomicho ou Houkan e foram muito populares no período feudal, onde sua principal função era entreter o Daimyo, Eles surgiram por volta do século 13, o que significa que foi bem antes das Onna Geisha (gueixas femininas), que surgiram bem mais tarde, em 1750 (século 18), assim como as gueixas, o Taikomochi ou Hokan eram artistas,   com a função era entreter os senhores feudais,Houkan era o nome formal e taikomochi era considerado o nome informal, que literalmente significa “Tocador de tambor”. Nem todos tocavam tambor japonês (taiko), mas assim mesmo o nome acabou se popularizando dessa forma, as apresentações do Taikomochi eram focadas principalmente na dança, mas com o passar do tempo, eles passaram a divertir os senhores feudais através de outras maneiras como participações em cerimônias do chá, como conselheiros ou como contadores de histórias engraçadas para, o Taikomochi tinha mil e uma utilidades, se o senhor feudal (daimyo) queria se divertir, ele chamava o Taikomochi. Se necessário de alguém para lutar no campo de batalha, ele chamava o Taikomochi. Precisava-se de entretenimento, conselhos de amor ou de guerra, ele chamava o Taikomochi, com o declínio e não tendo mais tanta importância alguns deles tiveram que trabalhar em bordeis como Oiran, um tipo de Yujo, que significa “mulher do prazer” ou “prostituta”, no caso deles, o nome correto seria “garotos de programa”. No entanto, eles se distinguem de Yujo por serem artistas e por entenderem sobre arte e moda eram vistos distintamente, eles ofereciam muito mais do que simplesmente sexo para seus clientes. Alguns deles eram inclusive poetas de renome e até mesmo calígrafos. Eles usavam suas habilidades de dança, canto e música para entreter seus clientes.
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Eitaro é o primeiro homem a trabalhar no papel de gueixa feminina. Sua mãe era gueixa e ele e a irmã resolveram continuar com a tradição na família, após a matriarca morrer de câncer em 2009. Grande dançarino, Eitaro começou a aprender os passos de dança femininos aos oito anos de idade. Com apenas 11, ele já tinha se apresentado no Teatro Nacional, na capital Tóquio. Com a morte da mãe, ele é a gueixa-mestre de uma casa com outras seis dançarinas. Sua missão é repopularizar a cultura das gueixas.
A maioria dos crossdressers descobre sua necessidade de se travestir quando ainda são crianças. Mesmo sem fazer a menor idéia do “por que fazem o que fazem” ou do “por que sentem o que sentem ao fazê-lo”, descobrem rapidamente que expressar este lado da sua natureza pode lhes acarretar complicações e duras repreensões por parte dos pais, da família e dos amigos – gente que eles amam e valorizam acima de tudo. Em virtude da repulsa que sofrem pelo seu ato vergonhoso, todo crossdresser desenvolve ainda muito cedo sentimentos extremamente de culpa ou autopunição, além de passarem sistematicamente a ocultar de todas as outras pessoas toda e qualquer manifestação do seu travestismo que assim se torna uma atividade essencialmente solitária para muito que não tem a coragem de assumir esse desejo, é bastante comum que muitos crossdressers façam todo o possível para negar, reprimir e eliminar este aspecto singular da sua personalidade visto de forma tão repulsiva e vexatória pelas outras pessoas.
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O problema é que “ser crossdresser” não é algo que possa ser “sumariamente cortado” da vida física e psíquica uma pessoa. A continua negação e auto repressão de um aspecto tão fundamental da personalidade podendo resultar em severos distúrbios mentais, com danos irreparáveis para a saúde emocional de um crossdresser, a vergonha o medo e a solidão de um crossdresser acham sua expressão mais aguda e torturante em pensamentos como: – “será que meus melhores amigos, meus colegas de trabalho, minha família, meus pais, minha espoca/namorada/companheira ou meus filhos ainda iriam gostar de mim, me amar e me respeitar se eles soubessem desse meu lado? Será que iriam me rejeitar, me desprezar e me excluir do seu convívio?
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Muitos crossdressers acabam não suportando ter que viver desse jeito e se abrem para os seus entes queridos mais próximos. Muitos fazem isso sem nenhuma preparação, em clima de quase desespero. Muitos se preparam longamente, aprendendo tudo que podem a respeito dessa sua condição antes de se abrirem e se revelarem para as pessoas mais próximas e queridas, embora possa ocorrer alguma rejeição, na maioria das vezes os crossdressers são surpreendidos por uma carinhosa receptividade por parte dos seus cônjuges, familiares e amigos a quem se revelam. Graças a essa grata compreensão e aceitação por parte das pessoas que amam, conseguem obter uma melhoria substancial nos seus próprios níveis de autoestima e auto aceitação. E possível que uma pessoa ser crossdresser e se sentir plena, completa, feliz e equilibrada! O que você faria se, ao chegar a sua casa encontrasse seu marido usando saia, lingerie, sapatos de salto alto, bijuterias e maquiagem? Se nunca pensou nisso, talvez seja o momento de avaliar a possibilidade. Há anos homens trocam os ternos e as gravatas por vestidos de seda e sandálias de tirinhas e mesmo assim continuam casados com suas mulheres, felizes com sua condição masculina. Em muitos casos, elas nem sonham que isso acontece. cross-dressers um título em inglês que procura distinguir os adeptos desta prática dos travestis que se prostituem. “Além disso, os travestis vivem o dia a dia como mulher, enquanto os crossdressers, como homens”, explica a psicóloga Eliane Chermann Kogut, que defendeu tese de doutorado sobre o assunto, para quem quiser conhecer  melhor a tese da doutora Kogut vai o link abaixo:
Ditadura de gênero
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Inconformismo com a ditadura de gênero. “As mulheres usam roupas masculinas desde o início do século passado, por que o contrário não pode acontecer?”, para a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade da Universidade de São Paulo, tudo que foge do padrão causa estranheza e desconcerta as pessoas. “O preconceito se deve muito à falta de conhecimento e às tradições e conceitos, sem nenhuma base, de que este comportamento está ligado à sexualidade. Na nossa cultura ficou convencionado que a mulher é quem deve se arrumar, mas em muitas tribos indígenas quem se enfeita é o homem e ninguém questiona.” Eliane explica que os cross-dressers não têm dúvidas sobre seu gênero e não querem mudar de sexo. “Pode até acontecer de um cross-dresser ser gay, mas não é comum. Tanto que não encontrei homossexuais na minha pesquisa, apenas héteros e bissexuais.” Essa necessidade que incomoda a sociedade conservadora, tradicional e preconceituosa pode ser motivo de muito sofrimento e angústia quando não consegue ser partilhada e exposta. “Acreditamos que as pessoas possam ter propensão a ser crossdressers e que o desejo se manifeste em momentos de grande angústia. Também existem as hipóteses dos cross-dressers terem tido pais muito severos ou omissos e que eles não queriam como modelo. No imaginário destes homens a imagem da mulher funciona como conforto”, diz Kogut.
Se quiser deixe seu comentário sobre a matéria se tiver uma dúvida específica sobre o mundo trans, aqui é um bom lugar para buscar informação. Me escreva!
Um beijo,

Lindsay Lohanne

Não sou apenas uma Boneca, sou o diferencial entre as que existem.

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

A história do homem que só consegue usar roupas femininas

Essa é a história de Marcelo de Oliveira, uma história emocionante e cheia de sofrimento.
Foi transcrita exatamente como ela é sem alterar dado algum. confira na íntegra:
“Mataram meu pai quando eu tinha nove anos. Eu era o caçula de seis filhos, o único homem. Minha mãe, sem dinheiro nenhum, passou a me vestir com a roupa das minhas irmãs.”
“Você é gay?”
“Não, sempre adorei mulher. Tenho dois filhos, fui casado duas vezes, tenho namorada. Já fiz tratamento com psiquiatra, mas não adianta: se me visto como homem, me deprimo demais.”
“Já tentou usar roupas de homem?”
“Quando eu tinha 13 anos, minha mãe se casou de novo e pôde me comprar roupas masculinas. Eu chorava muito, nem comia. Pegava calcinha, sutiã, vestido das minhas irmãs, levava tudo para o mato e vestia escondido. Apanhei muito da mãe por isso.”
“O preconceito é grande?”
“Quase morri uma vez. Me quebraram duas pernas, um braço, quatro costelas e o osso do queixo. O povo me xinga de bicha, de travesti, de tudo que é coisa. Quando chego em casa, me dá uma tristeza… Eu nem saio à noite, não vou a bar nenhum.”
“Você faz o quê?”
“Sou tratorista, trabalho na terra. Uso calça e camisa no serviço, mas por baixo visto calcinha e sutiã. Sou feliz usando roupa de mulher, mas seria muito melhor se me aceitassem.”
“Preciso perguntar sobre a Copa…”
“Não gosto de jogar bola, não gosto de time nenhum, nunca gostei de futebol. Mas Copa do Mundo é diferente: vou torcer porque, para o meu país, eu torço sempre.”
Marcelo de Oliveira, em Sabino (SP)
**Entrevista que realizei há exatos dois anos – e que o Facebook me lembrou hoje – durante o projeto Na Beira da Copa. Nossa expedição cruzou o país para mostrar como o Brasil distante das cidades-sede se preparava para o Mundial. A cada resposta do Marcelo, meu peito se comprimia. Não há repórter blindado a isso.
Foto: Lauro Alves
Fonte: Na Beira da Copa

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Outro nome para outro sexo

A troca de nome pode ser a última etapa de uma longa jornada.

Você já ouviu falar em “transgênero”? E “crossdressing”? Ou talvez a primeira palavra remeta a algum tipo de pesquisa genética e a segunda a uma nova modalidade de carteira de investimento. Será?

O fato é que transgênero é uma palavra pouco conhecida, falada ou discutida. Mas nem tão difícil de decifrar. Gênero, sabemos, refere-se a duas polaridades: masculino e feminino. O “trans” na frente significa transição ou algo como “além de”, “através de”. Você pensou em travesti. Sim, o travesti é um dos grupos entre os muitos que a palavra transgênero engloba. Mas não só.

O crossdressing denomina a prática de outro grupo também pertencente ao que se pode chamar de transgênero. Esse grupo de pessoas se veste com roupas do sexo oposto, independentemente da orientação sexual seguir ou não essa tendência. Ou seja, numa definição simplista, podemos dizer: um homem – pode ser hetero ou homossexual – que se veste de mulher com frequência, e que faz disso um prazer e/ou um hábito, é um crossdresser.

E isso não é ser travesti? Não necessariamente.

Deu nó? Calma!

Pode-se afirmar que, atualmente, no Brasil, um crossdresser é pessoa bem informada, provavelmente de classe média ou alta, que se dá o direito de realizar essa transição entre gêneros. Quem já se transformou em ícone dessa espécie de movimento é o festejado cartunista Laerte Coutinho, autor de tirinhas como a “Piratas do Tietê” e com profícua trajetória artística. De uns tempos para cá, aos poucos, foi aparecendo publicamente trajando roupas e acessórios femininos. Hoje em dia e aos 60 anos, Laerte assumiu integralmente a sua condição de homem com identidade de gênero feminina. Nas entrevistas que concede à imprensa, ele afirma considerar que sua nova escolha se relaciona a um processo “autoexploratório”, de autoconhecimento, que pode também estar vinculada à dor de ter perdido um de seus filhos em um acidente de carro; momento em que – ele diz – “caíram todos os véus”.

Laerte ainda está “em processo”, mas ao apresentar-se socialmente como mulher, ao declarar que está se deparando com sua bissexualidade e aceitando-a, ou seja, ao tornar-se um crossdresser, ele se aproximou do universo de uma minoria bastante estigmatizada, e sem o mesmo poder de argumentação, articulação e atitude dos crossdressers: os travestis. Estes, em sua maioria, trazem na história de suas vidas episódios de abandono, violência, rejeição e prostituição.

Quando o tabu da virgindade era fortemente enraizado na sociedade brasileira – o que ainda é possível de se constatar nos rincões por esse Brasil afora –, uma menina que era “deflorada” fora do casamento ficava marcada para sempre. Era enviada a um parente distante, a um convento – passando-se por virgem – ou, destino tão cruel quanto os demais, era expulsa de casa. Muitas se tornavam prostitutas. Parece medieval, não? Pois é mais ou menos isso o que ainda acontece aos travestis. Em muitos casos, a inadequação sexual é marcada fisicamente por atrofia nos órgãos genitais. Pouca informação e muito preconceito cravam o destino dessas pessoas ainda na pré-adolescência.

Não é preciso, entretanto, se vestir com roupas do sexo oposto para tentar imaginar as demandas dessa minoria. Em 2008, a portaria nº 1.707 do Ministério da Saúde atendeu a uma dessas demandas ao instituir a realização do processo transexualizador, também conhecido como cirurgia de adequação do sexo ou redesignação sexual, no SUS – Sistema Único de Saúde. A cirurgia é como uma etapa final de um longo processo que envolve questões psicológicas e psicossociais, avaliadas e acompanhadas por psicólogos.

Aos que optam pela cirurgia e desejam a completude na identidade de gênero, ainda há outra etapa a concluir, também nada fácil: o processo legal para mudança do nome e do gênero nos documentos. Ora, uma vez que se tenha mudado de sexo, o nome – masculino ou feminino – já não corresponde à real personalidade de quem o carrega. Em respeito à sua identidade e a terceiros, a modificação de nome é um direito e um dever.

No Brasil, o caso que ganhou a mídia foi o da modelo Roberta Close. Operada em 1989, na Inglaterra, foram necessários 15 anos para que tivesse o direito à mudança de nome, de Luís Roberto Gambine Moreira para Roberta Gambine Moreira, e que pudesse colocar “feminino” no item “sexo”.

No Rio Grande do Sul, estado que se mantém na vanguarda quanto às questões de direitos de cidadania das minorias, recentemente, foi instituída a “carteira de nome social”, por meio da Secretaria de Segurança Pública, com o objetivo de garantir a identidade de gênero. Nela, travestis e transexuais utilizam o nome que pretendem usar após a efetivação do processo de adequação sexual. Essa carteira vale como documento nos postos de saúde e em demais serviços públicos estaduais.

Parece bonito viver em uma sociedade que se autodenomina “plural”. A construção dessa pluralidade depende do Estado, que tem o dever de resguardar os direitos e a dignidade de todos os cidadãos. Mas passa também por cada cidadão que vê, nos modos de vida e nas escolhas diferentes da sua, apenas isso: uma diferença.

A lingerie é dele – crossdressing



Muita coisa mudou no quesito vestimenta nas últimas décadas. Hoje mulheres podem usar muitas roupas antes designadas apenas aos homens sem ter grandes problemas com isso. O inverso é verdadeiro? Não muito. Menos ainda quando se trata delingeries femininas sendo usadas por homens. Torceu o nariz ao ler isso? Pois saiba que isso não só acontece, como é mais comum do que se imagina. E não se trata de orientação sexual ou identidade de gênero. É o “crossdressing”.

Na Austrália uma empresa especializada em “lingeries elegantes” para homens está tendo que expandir seus negócios online para poder atender a demanda cada vez maior em busca dessas peças intimas “diferenciadas”.


Chamada “HommeMystere”, a marca oferece peças com rendas e seda e calcinhas tipo tanguinha. Foi criada em 2008, quando Brent e Lara Krause perceberam que havia pouquíssimas opções para homens com esse fetiche. Além disso, até então os caras tinham que comprar suas peças em lojas de mulher, mas agora eles já sabem exatamente a onde ir, além de encontrarem peças com design “feminino”, mas feito para se adaptar ao corpo masculino. Hoje a empresa já entrega em mais de 30 países, incluindo Rússia, Canada e América – que responde por 40% das vendas da marca.
Nas imagens de divulgação da marca aparece um homem ao lado de uma mulher, o que pode confundir muita gente, que assume logo de cara que um homem que compra lingerie feminina é gay. Errado. Um questionário aplicado aos clientes da HommeMystere revelou que 90% dos clientes estavam em uma relação heterossexual. “Não nos importamos se você é gay, hétero, vegetariano, republicano, anglicano, marciano ou qualquer tipo de convicção. Nós só queremos desenhar e fabricar lingeries atrativas e de luxo para homens”, explicou Mr. Krause.
Ele, aliás, é um adepto da prática e conta em seu blog sobre a culpa que muitos homens sentem por terem escolhido usar lingerie, e espera que sua empresa continue lutando contra estereótipos sobre o que os homens podem ou não podem usar.
Pode parecer confuso, e é um pouco mesmo, mas crossdressing é diferente de transexualidade e drag queens. Segundo um material sobre identidade de gênero elaborado por Jaqueline Gomes de Jesus, doutora em Psicologia pela Universidade de Brasília, enquanto a transexualidade é uma questão de identidade – o transexual se identifica como do sexo oposto ao dele – o crossdresser sente-se como pertencente ao gênero que lhes foi atribuído ao nascimento, mas frequentemente se veste, usa acessórios ou se maquia de maneira diferente daquela socialmente estabelecida para o seu gênero, sem se identificar como travesti ou transexual. Já os transformistas ou drag queens são artistas que se vestem, de maneira estereotipada, conforme o gênero masculino ou feminino, para fins artísticos, apresentações etc. Nenhuma dessas definições, no entanto, define orientação sexual. Nem toda mulher transexual vai se relacionar sexualmente com homens, nem todo crossdresser é gay (a maioria dos crossdressers, aliás, é homem hétero) e assim por diante.
Via: http://juliapetit.com.br/moda/aumenta-busca-de-lingeries-masculinas-pratica-e-conhecida-como-cross-dressing

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Crossdressers – quando o feminino pede espaço num corpo masculino

“Ninguém nasce mulher, aprende-se a ser.”
A máxima da filósofa francesa Simone de Beauvoir não serve apenas para as que nasceram biologicamente mulheres.
Muitos homens, ao longo da vida, vão ter necessidade de expressar uma identidade feminina que se manifesta sobretudo na aparência.

 Desde pequeno, nas primeiras lembranças da infância, Geraldo sabia que parte de sua personalidade era mulher. “Fui educado para ser um heroi masculino e nunca me adequei. É muito difícil para um homem aceitar que não se enquadra nas tradições e no que se espera dele”, afirma. Hoje, a identidade feminina de Geraldo, 58 anos, é Letícia Lanz. “Não sou homem nem mulher. É uma questão de expressão.”


Letícia, que atende também por Geraldo, é casada há 35 anos com uma mulher que detesta maquiagem. Alterna as identidades, conforme a necessidade de expressão que está sentindo, e abomina o abismo que existe entre os gêneros. É preciso deixar clara a diferença entre identidade de gênero e orientação sexual. Identidade de gênero é o sentir-se homem ou mulher; nada ter a ver com a orientação sexual. No caso, Geraldo-Letícia tem um corpo biologicamente masculino e é heterossexual. “Encontrei essa mulher fantástica. Ter achado uma pessoa assim me deu possibilidade de expressar de maneira diferente”, conta.

A mulher de Letícia, A. D., tem 58 anos e é psicóloga. Conta que, quando o marido teve uma crise e saiu de casa, há seis anos, ela achou que ele estava com outra, até que conversaram. “Meu marido não tem outra, ele é a outra. Fiquei tranqüila”, diz, com bom humor. Foram necessárias muitas conversas e leitura de artigos e livros para que A. entendesse melhor o parceiro. Letícia começou a se travestir em casa e ir aos encontros do clube de crossdressers, acompanhada pela mulher. “É divertido, mas não é fácil”, admite A. A grande preocupação era, como a da maior parte das mulheres de crossdressers, em como o travestismo viria a público.
Na época em que Letícia assumiu a identidade feminina, os três filhos do casal tinham 16, 13 e 11 anos. Na base do diálogo, aceitaram a expressão do pai. “Não negocio mais com meu desejo. O dia que eu preciso me expressar, me expresso”, afirma Letícia. O ambiente de respeito e confiança foi estabelecido com muita conversa e empatia. “Tem dia que me incomodo na intimidade, tem dia que não. Não é algo que eu sempre estou a fim. Mas procuro não interferir”, diz A. Nos encontros do clube, A. muitas vezes era a única esposa presente, ainda que outros crossdressers levassem amigas. E ela é feliz? “Nesse tempo todo que a gente está junto, eu faria tudo de novo”, garante, e afirma que prefere a abertura e honestidade que tem na relação com o marido a um casamento sem essa transparência.

A internet foi fundamental para que muitos crossdressers e travestis tivessem mais informação sobre a necessidade interior de se vestir com roupas femininas, e passassem a compreender melhor o conceito de identidade de gênero. “Quando está travestido, o crossdresser é uma identidade feminina, mesclada com identidade masculina, que fica como pano de fundo da personalidade. Porque ele precisa manter e aceitar seu genital”, afirma Ronaldo Pamplona, autor do livro Os Onze Sexos. “A maioria dos crossdressers conta para a mulher depois de um bom tempo de relacionamento. Algumas mulheres por um período acham que o marido é bissexual. Mas com orientação correta, os dois têm claro que o assunto é outro, e que isso não vai desaparecer com psicoterapia”, afirma. Segundo Pamplona, embora haja casos em que o casal se separa, muitas mulheres, com cabeça mais aberta, acabam aceitando.

Aprender a ser mulher
Quando entende e aceita os aspectos femininos da sua identidade, o crossdresser em geral busca apoio para construí-la. “O eixo principal é a informação – ter alguém que consiga entender o que é o fenômeno”, afirma Pamplona. O crossdresser tem uma mulher dentro que nunca apareceu, que não foi menina, não foi adolescente. Ao acessar informações na internet e em grupos, ela ganha espaço social e vai se tornando cada vez mais feminina. Foi o que fez o cartunista Laerte Coutinho, que se vestiu de mulher pela primeira vez em 2009. A travestilidade veio com reflexões e descobertas decorrentes de uma crise pessoal. “Faz parte do processo de busca. Também corresponde – assim como modos de desenhar e produzir histórias – a antigos movimentos meus, de quando era criança ou adolescente”, afirma ao relacionar o crossdressing a uma inquietação de gênero. “Às vezes uso um elemento ou outro, às vezes me maquio, às vezes uso peitos. Varia muito, segundo o dia, a hora, o momento, o humor”. Para a namorada e os filhos, o processo de contar e familiarizar-se tem sido tranquilo, fora um ou outro momento de tensão ou estranhamento.

Ao estudar o crossdressing, a doutora em antropologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro Anna Paula Vencato, defendeu em 2009 a tese “Existimos pelo prazer de ser mulher: uma análise do Brazilian Crossdresser Club”. Em seu trabalho, ela defende que “o crossdressing é uma montagem feita para momentos específicos e não para 24 horas por dia, 7 dias por semana”. Segundo Vencato, a maior parte das esposas aceita desde que os maridos não tornem o crossdressing público para familiares, filhos e amigos, ou façam modificações corporais como as induzidas por hormônios femininos. Em sua pesquisa, ela detectou que as relações com família e trabalho tendem a ser protegidas do conhecimento do crossdressing, em especial com relação aos filhos. “O medo de perdas sociais e econômicas está sempre implicado no contar ou não que se montam”, afirma. O fato é que o crossdresser é a mesma pessoa que era antes de tornar público o fato. Histórias como a de Letícia e de A. comprovam que fora do armário, a vida pode ser mais feliz e tranquila.

Fonte:http://delas.ig.com.br/crossdressers+quando+o+feminino+pede+espaco.html

Saiba como corrigir Maquiagem Borrada

Um pesadelo para qualquer uma é a maquiagem borrada,e o pior é que quando acontece, justamente, naquela hora mais imprópria…
Quando a maquiagem já estava, praticamente, pronta, ou quando estamos atrasadas e, pronto, um borrão para estragar tudo!
Mas calma…nem tudo está perdido, embora, nem sempre seja tão simples, na pressa, arrumar pequenos erros sem comprometer a produção toda, dá sim para salvar a maquiagem seguindo algumas dicas.
Se interessou?

Então, continue lendo e saiba corrigir a maquiagem borrada:

Portanto, nada de desespero, anote essas dicas para a próxima vez que se maquiar:
⦁ Sempre deixe para dar os toques finais da pele depois que os olhos e a boca já estiverem prontos, pois ficará mais fácil cobrir e fazer possíveis correções.
⦁ Antes de passar a sombra, aplique uma camada grossa de ⦁ pó facial sob os olhos, pois isso impede que a sombra penetre diretamente na pele, e se acontecer da sombra cair, bastará removê-la com um pincel.
Sombra
Se a sombra borrar…nem pense em usar o demaquilante, pois irá remover toda a maquiagem que há por baixo, além das olheiras ficarem mais escuras que o restante da pele, aí terá que repetir tudo novamente.
Desde o primer, a base, o corretivo e/ou outros produtos que já estavam na pele, por isso, em caso de erro…nada de demaquilante!
Sobrancelha
Se ao maquiar a sobrancelha, exagerar e a deixar muito artificial, super marcada, basta com um cotonete, retirar o excesso de produto.
Depois, com uma escovinha de sobrancelha (ou de dentes), vá penteando a sobrancelha até ficar natural.
Máscara de cílios
Se os cílios borrarem… A dica é simples: aplicar um pouco de primer em um cotonete e passá-lo com cuidado sobre a tinta da máscara.
E para não correr o risco de manchar a pele, ao passar a máscara, varie os pincéis.
Por exemplo, nos cílios superiores, utilize pincéis com cerdas grossas, que alongam e dão volume, nos de baixo, prefira os pincéis de cerdas mais finas e delicadas, pois, assim, será muito menor o risco de sujar a pele com o produto.
Delineador
Para não correr o risco de borrar ao aplicar o delineador, faça o traço com lápis antes e, depois, aplique o delineador por cima, assim, caso não saia como o desejado, bastará removê-lo com cotonete.
Outra dica é optar por delineadores à prova d’água, pois, se borrar será só removê-los com um demaquilante bifásico, e nem pense em aplicar bases ou corretivos em cima da mancha, pois o resultado não vai ficar legal!
Blush exagerado
É muito comum, às vezes nos empolgamos e quando vamos ver…exageramos na cor.
Ok, quando isso acontecer, não se desespere, é só retirar o excesso do produto com um lencinho de papel, depois, aplique uma camada de pó facial por cima do blush e, pronto!
Batom
Se errar no batom, no entanto, não tem jeito, as manchas de batom precisam ser tiradas com desmaquilante mesmo.
Mas muita calma nessa hora, passe só uma pequena quantidade do produto em um cotonete e friccione sobre a pele.
Uma dica é sempre aplicar o batom do mesmo lado, mantendo seu formato anatômico original, pois, ao utilizá-lo dos dois lados, a ponta ficará arredondada e mais difícil na hora de aplicar o batom nas curvas da boca, o que aumenta as chances de errar.

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Matrimonio - CONTO

Aconteceu há três meses atrás.
Adoro viajar, mesmo sozinho, e desta vez eu tinha ido para a Rússia. São Petesburgo, uma cidade linda.
 Em um dado momento descobri um circuito de corrida de cavalos, um de meus poucos vícios, acabei indo conhecê-lo. Adoro apostar em corridas, adoro ainda mais uma barbada. Mas se a sorte não ajuda, o dinheiro uma hora acaba. Meus problemas começaram no terceiro dia em que eu fui ao circuito. Ouvi algumas pessoas comentando sobre uma barbada, um páreo garantido. Analisei os números, a paga seria muito boa. Ouvi mais de um grupo de pessoas comentando a mesma coisa, a confiança aumentou. Eu estava praticamente sem dinheiro, acabei cedendo à tentação e peguei um empréstimo com alguns sujeitos que estavam sempre por ali. Seria fácil pagar depois, e eu poderia continuar a viagem bancado pelo dinheiro do prêmio.
 O plano tinha uma única falha, meu cavalo perdeu a corrida e chegou em segundo. Fiquei assustado, sem dinheiro suficiente para pagar minha dívida. Tentei explicar. Eles não aceitaram, foram bruscos, me ameaçaram. Se o dinheiro não aparecesse logo, eles iriam desaparecer comigo. Sem dinheiro eu não poderia fugir. Não sabia o que fazer, fiquei apavorado. Um senhor tinha visto a situação, a gente já tinha conversado antes. Ele sempre me tratou bem, sempre sorridente, me dava muita atenção. Ele veio conversar comigo, foi super compreensivo. Sorrindo, ele disse que tinha gostado muito do meu jeito, e por isso ele estava disposto a pagar a minha dívida. Senti uma onda de alívio, uma luz no fim do túnel. Só tinha uma única condição. Claro que nesse momento qualquer coisa seria válida. Ele me olhou fundo nos olhos e disse que tinha gostado mesmo do meu jeito, tinha simpatizado muito comigo. A única condição seria um matrimônio. Nada muito espalhafatoso, só uma breve cerimônia civil. Eu não tinha entendido. Eu tinha entendido errado. Ele repetiu a condição. Mas como assim? Ele tinha gostado muito mesmo do meu jeito. Ele precisava de uma noiva. Não, claro que não, de jeito nenhum. Que história era aquela? Ele não perdeu a serenidade, me passou seu número e disse pra eu pensar à respeito. Peguei o número pra não ser rude, mas pensar à respeito coisa nenhuma. Saí puto da vida, procurei outros modos de arranjar um empréstimo.
Não consegui nada.
 O recepcionista do hotel mais tarde me disse que era um erro muito grande pedir empréstimos assim naquele país. Algo que eu já tinha aprendido. Cada vez mais apavorado fui ao meu quarto para pensar. Eu tinha muito medo quando peguei aquele papelzinho no meu bolso.
Liguei para aquele número.
 Ele parecia contente pela minha ligação. Perguntei se existia outro modo. Não existia. Eu não tinha outra opção. Aceitei sua condição. Feliz da vida, ele disse que seu motorista iria me buscar no dia seguinte para os preparativos. Gelei com aquela palavra. Preparativos? Tentei não pensar, afinal, eu só precisava esperar ele pagar meus credores, e eu poderia fugir sem problemas. Acabei pegando no sono. Acordei com o telefone. O motorista estava me esperando. Tudo aquilo era real mesmo. Ele me levou até um bairro, em uma casa onde uma esteticista trabalhava. Ela só falava russo, eu não entendia nada, mas ela pegou a minha mão e me conduziu. Demorei pra entender o que estava acontecendo, só pensava em como eu iria fugir dali. Ela começou a passar algo no meu rosto. Cremes, pinturas, cera no corpo. Quando ela trouxe os longos cabelos loiros para a extensão, tudo pareceu assustadoramente real. O processo durou umas três horas. O último toque foi o batom. Quando finalmente pude me olhar no espelho, fiquei chocado.
 Eu estava... feminino.
 Apavoradamente feminino. Até os cabelos pareciam naturais. Minha pele lisa, eu fiquei com praticamente nenhum pelo restante. Me esforcei pra nao chorar. Eu só precisava ter minha dívida saldada. Depois tudo isso acabaria. Ela me levou até a outra sala e começou a me vestir. Meia calça branca, luvas brancas, vestido todo branco. Véu. Saltos brancos. Não faltou nada. Até mesmo o buquê. Eu não sabia o que era pior. A vergonha, ou o medo, mas pelo menos o problema maior seria resolvido. O motorista então me levou até uma grande casa mais reservada. Lá fui conduzido até uma salinha. Foi difícil caminhar com os saltos, sentindo a calcinha entrando onde não deveria. A porta se abriu. Meu benfeitor estava lá devidamente vestido.
Meu noivo.
Ele sorriu, muito satisfeito quando me viu. Fiquei mais vermelho ainda. Foi a primeira vez que ele pegou em minha mão, de forma bem gentil, e me conduziu até a mesa onde o escrivão aguardava. Foi uma cerimônia rápida, ele respondeu sim olhando nos meus olhos. Gaguejei. Não tinha saída, não tinha outra opção. Finalmente respondi que sim. Terminada a cerimônia o escrivão se foi e ele, como dita a tradição, me levantou e me carregou subindo as escadas.  Carregado por um homem.
Me senti mais feminino ainda, fiquei mais vermelho ainda. Perdido, sem saber o que fazer. Como me comportar. Passamos por uma porta, eu via algo no olhar dele, até que ele me pousou em uma cama. Em uma cama. A parte do acordo que eu não tinha pensado.
 Ou não queria pensar. Ele me deitou, me senti completamente perdido, mil coisas em minha cabeça, quando ele se deitou ao meu lado e beijou meus lábios pela primeira vez. Foi um beijo intenso, forte. Fiquei mais perdido ainda. Senti suas mãos em meu corpo, seus beijos apaixonados. Carinhosos. Uma mordiscada em meus lábios. Tudo indo longe demais. Seus lábios beijando meu pescoço, lambendo. Sentindo seu peso sobre mim, enquanto ele deitava gentilmente entre minhas pernas. As coisas aconteciam e eu não tinha tempo de pensar, compreender. Era a minha noite de núpcias, mas... Mais beijinhos no pescoço. Meu novo marido era tão gentil. Beijinhos, carícias. Senti meu vestido sendo levantado. Sua mão acariciando minhas coxas, a outra meu rosto. Uma mordiscadinha na minha orelha. Tudo indo longe demais. Ele se ajeitando melhor entre minhas pernas. Beijando, mordiscando meus lábios. Sentindo seu peso. Ele gentilmente me conduzindo a virar. Eu não queria virar. Virar não. Mas me deixei conduzir. Como uma boa noiva, pensei envergonhado. Ele me deitou de bruços. Senti meu vestido sendo aberto. Se afastando. Me senti exposto, semi nu. Com medo. Eu tinha que sair correndo. Eu tinha que fazer algo. Não era pra ser assim. Beijinho na minha nuca. Eu tinha que fazer algo. Uma mordiscadinha na minha nuca, sentindo seu peso pousando sobre mim. Sua língua lambendo minha orelha, minha nuca. Algo. Senti algo. Duro, algo volumoso. Tocando o meu bumbum. Queria dizer algo, protestar. Mas senti o volume se afastando. Ainda bem.
 Mas senti os beijinhos descendo. Pelas minhas costas. Mordiscando minhas costas. Beijando, lambendo. Descendo mais. Ai, eu precisava fazer alguma coisa. Alguma. Os beijinhos descendo mais. Ai eu... eu precisava. Beijinhos no meu bumbum. Ficando mais confuso ainda. Beijinhos. Uma mordiscada no meu bumbum. Saiu um gemido de dor sem querer. Ele gostou. Eu não queria pensar. Não queria pensar no que estava acontecendo. No que ia acontecer. Senti suas mãos acariciando minhas costas. Seus lábios mordendo minha calcinha. Puxando. Afastando ela pro lado. Me senti exposto, vulnerável. Indefeso. Ui. Um beijinho bem no meu anel. A confusão aumentando. Imóvel. Ui. Outro beijinho. Meu anel reagia de um modo estranho. Parecia que... Ui. A... a língua. A língua dele começou a se mover. Lamber. Deslizar no meu anelzinho. Ui. Era uma sensação... estranha. Meu anelzinho relaxava. Mas contraia. Ai. Era... Eu não sei. A língua dele. Ui. Entrando. Meu bumbum acabou empinando sozinho. Sozinho. Juro. Não adiantava mais tentar esconder meus gemidos. Ele já tinha percebido. Sua língua continuou o tratamento no meu anelzinho por um bom tempo. Acho que ele estava apreciando sua nova posse. Sua nova esposinha.
Senti a língua parando, um beijinho suave no meu anelzinho. Envergonhado porque uma pequena parte de mim queria que o tratamento continuasse. Mas aliviado. Por poder voltar a pensar direito. Por poder colocar minha cabeça em ordem. Foi quando senti algo geladinho. Ui. Algo geladinho sendo espalhado no meu anelzinho. Seus dedos deslizando. Espalhando. Eu sabia o que ele estava fazendo. Eu não queria admitir pra mim mesmo. Mas eu sabia. Depois de me lubrificar bem, senti ele virando meu corpo novamente. Me deixando de frente pra ele. Um enorme alívio. Cheguei a pensar que meu grande medo não iria acontecer, afinal. Alívio. Mas ele logo se deitou por cima de mim. Senti seu peso novamente, seus lábios no meu pescoço. Suas mãos começaram a abrir, levantar minhas pernas.
Meu medo voltou. Senti ele se posicionando em meio às minhas pernas. Eu ainda de meia calça, salto. Sentindo minha calcinha sendo afastada outra vez. Isso não podia estar acontecendo. Não podia. Senti algo procurando. Encontrando. Algo duro, inchado, grosso, tocando meu anel. Apavorei. Beijinhos no meu rosto. Vários beijinhos. Queria fugir, sumir. Mas meu corpo não se movia. Submisso. Como uma esposinha. Senti ele me segurando firme. Sussurrando algo em sua língua que não entendi no meu ouvido. Senti ele forçando. Cara de dor. Ele sussurrou algo, beijou meus lábios. Meu anelzinho virgem resistindo. Mas a lubrificação... os sussurros... os beijinhos... uma forçadinha mais... Nnnngggg... Dor... Meu anelzinho dilatando. Meu cabacinho cedendo. Sentindo meu marido, meu homem desvirginando meu cuzinho. Ele sussurrando no meu ouvido. Acho que pra me acalmar. Mas a dor. Os beijinhos. Meu cuzinho dilatando mais. Sentindo minhas preguinhas esticando, a tora do meu marido entrando. Sussurrando, me acalmando. A dor. Sentindo entrando mais. Sentindo cada centímetro. Meus olhos lacrimejando de dor. Beijinhos no rosto. Entrando mais. Não acabava nunca. Mais beijinhos, mais sussurros. Rezando pra acabar de entrar. Parecia ser enorme. A última investida. Um gritinho involuntário. Suas bolas tocando no meu bumbum. Meu corpo relaxando. O pior já tinha passado. Já tinha passado. Desvirginado. Pelo meu marido. Suado. Chorando. Sentindo seus beijinhos, suas carícias. Sua mão acariciando meu bumbum, seus lábios beijando os meus. Ele sussurrou algo em meu ouvido e senti ele saindo um pouco de dentro de mim. Entrando. Dor. Fiz não com a cabeça. Ele fez sim, sussurrou algo mais, saiu. Entrou. Fiz cara de dor. Fechei os olhos. Senti sua vara enorme saindo. Entrando. Não tinha mais volta.
 Desisti de lutar contra. Era melhor esperar tudo acabar.
 Saindo. Entrando. Cara de dor. Ele me segurando mais firme. Saindo. Entrando mais firme. Sua respiração aumentando. Meu cuzinho se adaptando. Dilatando cada vez mais. O prazer estampado na cara do meu marido. Beijinhos. Sussurros. Ui. Vermelho de vergonha. Um gemido tinha escapado. Saindo. Entrando. Saindo. Entrando. Sem parar. Ui. Meu corpo tremendo. Abrindo um pouco mais as pernas. Ai gemendo mais. Ai o que estava acontecendo? Saindo. Entrando. Abraçando meu marido. Meu homem. Sentindo sua rola enorme, grossa. Ai. Grossa. Gemendo. O que estava acontecendo comigo? Ele estava me comendo com gosto. Com força. Com sua vara. Deliciosa. Dizendo coisas no meu ouvido, entrando, saindo, me comendo sem parar. Eu gemia com vergonha, não queria admitir que... eu estava... gostando. Que meu cuzinho estava adorando. Que cada estocada me fazia sentir mais e mais feminina. Mais e mais esposinha. Delícia. Rola deliciosa. Homem delicioso. Meu corpo tremia a cada estocada. Meu homem, meu macho estava amando tudo aquilo. Amando ver a cara de prazer da sua esposinha. Beijou meus lábios, um beijo de língua delicioso. Abri mais as pernas, lambendo sua língua, gemendo com força. Logo ele passou os braços por baixo, levantou, me posicionando de franguinho, sem parar de me comer. Hummm... de franguinho. Sentindo a vara entrando fundo. Entrando gostoso. Meu cuzinho todo laceado, deflorado. Beijando meu homem, soltando gritinhos involuntários a cada investida. Após um tempo senti a vara saindo. Senti um vazio incômodo. Confusa. Confuso. Sem saber o que pensar. Sentindo meu corpo sendo virado. Minhas ancas sendo puxadas pra trás. Ai não. Ele estava me posicionando, me deixando de quatro. Ai, de quatro... Senti a cabecinha tocando meu cuzinho. Fiz cara de dor, me preparei. A vara deslizou pra dentro, quase sem resistência. Me assustei. Imaginei o tamanho que deveria estar meu cuzinho depois desse tratamento. Ele não perdeu tempo, segurou firme minhas ancas e começou a foder com gosto meu cuzinho. Doía um pouquinho mas... mas estava tão bom. Tão bom. Meus gritinhos saiam a cada estocada, cada vez mais femininos. Toda empinada, dando o cuzinho de quatro. Uma esposinha submissa, fiel. Gemendo. Uma esposinha feliz. Ai... estocadas mais fortes. Mais gostosas. Meu corpo... ai... tremendo... Uma sensação completamente nova. Ele estocando mais forte ainda. Mais. Abri a boca. A voz não saiu. Meu corpo... contraindo... meu anelzinho... contraindo... eu ia... eu estava... gozando... Um orgasmo me atingiu com força. Um grito afetado saiu da minha boca. Meu corpo tremeu inteiro. Convulsionando. Eu estava gozando. Gozando pelo cuzinho. Contraindo toda. Tremendo mais. Até cair com a cara no colchão, só o bumbum pra cima, sentindo meu marido continuando a deflorar meu cuzinho. Meu cuzinho completamente sem resistência. Corpo todo mole, não conseguia me mexer. Sentindo ele me comer por mais uns cinco minutos. Até ouvir um urro, uma enterrada firme, e meu macho me enchendo com seu leitinho. Sentindo o leite do meu marido dentro de mim. Sendo absorvido por mim. Meu marido deitando comigo de conchinha, beijando minha nuca. Feliz. Com uma esposinha feliz, exausta. Sussurrando no meu ouvido como tudo tinha sido maravilhoso. Que esposinha deliciosa eu era. Sorri sem jeito. Orgulhosa... ao mesmo tempo envergonhada. Ele sussurrou que meu tratamento hormonal começaria no dia seguinte. Que eu seria uma esposinha maravilhosa. Uma pequena parte de mim ainda tinha esperanças de escapar. Mas abraçada daquela forma e sentindo o leitinho do meu homem dentro de mim, eu sabia que minha vida como esposa fiel estava apenas começando.

marcelaofon@gmail.com

Aos 14, meu corpo não mudava como os das outras meninas

Minha identidade de gênero: feminina.
Eu nasci menino. Aos quatro anos, mexia nas coisas da minha mãe pela primeira vez. Aos sete, já usava as roupas dela escondida e aos 12 já me maquiava e desfilava pela casa quando estava sozinha.
Aos 14, meu corpo não mudava como os das outras meninas, as roupas não ficavam como eu queria, então perguntei a uma travesti o que ela tomava e comecei a tomar também.
Três meses depois, meus peitinhos começaram a crescer, meu pai percebeu e me levou a um médico para entender o que estava acontecendo. Tive que contar que queria ser uma menina, ao que me convenceram que era uma péssima ideia, principalmente porque ficaria estéril com a hormonização e as garotas não iriam me querer.
Assim, fiquei no armário levando uma vida dupla por 39 anos, ocultando minha verdadeira identidade e “performando” um homem tão convincentemente perfeito que só poderia ser uma grande mentira. Amigos diziam que eu era “o cara”, garotas me chamavam “homem perfeito” e eu abaixava a cabeça calada.
Hoje olho no espelho todos os dias e vejo a mim. Enfrento olhares, risos e graças diariamente, não sendo mais o modelo masculino ou sequer um modelo de ser humano, mas sou eu verdadeiramente, sem máscaras, sem mentiras e, acredite, uma pessoa muito mais plena e feliz.
Minha orientação sexual: bissexual com preferência por mulheres
Aos seis anos me apaixonei pela primeira vez, por uma menina, colega de escola. Eu disse seis anos. E nunca mais parei. Além de me esfregar nas almofadas da casa, eu me esfregava nas colegas, primas, filhas dos amigos do meu pai, brincava, beijava.
Sempre preferi as meninas mas, aos 12 anos, no desespero de não poder ter relações completas com uma garota acabei fazendo um belo troca-troca com um amiguinho meu da mesma idade. Era mais uma forma de alívio do que algo que eu realmente queria, mas resolvia a questão.
Até que um ano depois, aos 13, procurei uma prostituta na Rua Aurora (SP) e tive minha primeira relação completa com uma mulher. Nunca mais parei. Saí com alguns homens esporadicamente, sempre montada e feminina, desejando me sentir mulher mais do que ter uma relação com eles, mas chegava a ficar meses e até anos sem ter uma relação com um homem.
Com mulheres, se possível, eram todos os dias e tive fases em que era conhecidO em vários prostíbulos de luxo da capital. Esses dias, conversando com uma ex-namorada com quem morei um tempo, ela me disse: “você transava comigo todas as manhãs, todas as noites e ainda te pegava às vezes batendo uma…!!!’
Minha afetividade: exclusivamente votada para mulheres.
Nunca namorei um homem. Tentei algumas vezes depois de minha transformação, mas não consegui. Afetivamente, só me envolvo com mulheres desde que me conheço por gente e me apaixonei várias vezes.
Fui casada duas vezes e tive alguns relacionamentos sérios, sempre com mulheres que sabiam do meu lado feminino. Algumas chegaram até a sair comigo vestida de mulher, até que minha última esposa me incentivou a ser quem eu realmente queria ser.
Me hormonizei por vários anos, fiz três cirurgias, laser e fui mudando até o ponto em que não dava mais pra ocultar e resolvi assumir de vez, ser como hoje sou.
Acredito em um mundo sem hipocrisia, com liberdade verdadeira, onde cada indivíduo possa viver sua realidade e sexualidade da forma como desejar, com igualdade absoluta de direitos e com respeito ao mesmo direito do outro.
Vivemos em uma sociedade de mentiras, onde cada um tenta transmitir uma imagem que agrada a uma moral ilógica, anacrônica, que tolhe o ser e só traz infelicidade. Religiões incutem culpa para vender perdão e, sem perceber que ninguém escapa de algum tipo de culpa, todos nós somos os controladores uns dos outros. Aceite o outro com suas diferenças e seja você mesmo feliz exatamente como você é.
*Márcia Rocha é advogada, militante e travesti. Livre como poucas, vive sua vida o mais intensamente possível, criando suas próprias regras da mesma forma como criou seu corpo escultural. Uma mulher especial com algo a mais, que vive para ser e fazer feliz.
http://www.paupraqualquerobra.com.br/2013/03/22/aos-14-meu-corpo-nao-mudava-como-os-das-outras-meninas/

conflito crossdresser

O excelente texto abaixo foi escrito pela Rafaela Fischer e, na minha opinião, reflete exatamente o que é uma crossdresser. Segue:
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Tudo começou com o desejo de usar uma calcinha, depois um sutiã, imaginar-se menina. Veio a adolescência e os hormônios masculinos detonaram com as possibilidades de brincar de ser menina. A vida cobra então profissionalismo, uma família e filhos, e o desejo feminino fica escondido entre 4 paredes. Você se segura até onde dá, mas chega uma hora que não aguenta mais, quer liberar a mulher que existe em você e começa a procurar informações de como fazer. Tenta brincar de menina com sua esposa e ela o rejeita, acha estranho e você sente a rejeição, como se estivesse fazendo algo errado.
Novamente se segura, mas um dia lá na frente tudo volta. Começa a busca escondida. Compra roupas, se produz quando não tem ninguém em casa, usa roupas e maquiagens da mãe, irmãs ou esposa. Então parte para a depilação, sobrancelhas, compra sapatos. Interage com outras como você. O conflito permanece. Para algumas o casamento acaba, para outras continua com uma situação forçada, para outras sortudas ganham uma amiga para toda a vida. Então vem a idéia de hormonização, ter seios, ficar mais feminina. Muitas se arriscam por conta do feminino, tomam hormônios sem acompanhamento médico. Algumas rompem a barreira e passam a ter uma vida totalmente feminina, outras vivem a duplicidade, outras tem períodos masculinos e outros com rompantes femininos. Mas todas buscam só uma coisa, serem o que sentem ser.
Eu, você, todas nós buscamos o feminino. Externar a mulher que mora dentro de nós. Essa mulher pode ser lésbica ou hétera, mas é uma mulher na sua condição de gênero.
A nossa dificuldade é de aceitação. Muitas de nós temos um autopreconceito presente. Se aceitar é o primeiro passo, para depois ganhar a aceitação dos demais.
A tarefa não é fácil. Momentos de choro, tristeza e solidão estarão presentes nessa caminhada, mas tenha certeza de que não está sozinha, existem outras como você, como eu. Busquemos a nossa felicidade.
Que tenhamos a sabedoria necessária para conduzir as nossas vidas para onde queremos. Sejamos felizes.
Beijocas.

Rafaela Fischer
Vivendo a essência da feminilidade

Como determinar o tamanho de roupas para um crossdresser

A forma física de um homem é diferente da mulher, então pode ser difícil encontrar roupas femininas que sirvam em um crossdresser. Medir as roupas e consultar tabelas de tamanhos pode ajudar. Entretanto, o tamanho varia de acordo com o fabricante. Até o dia que um crossdresser estiver confortável o suficiente para experimentar as roupas em uma loja, as seguintes dicas devem ser seguidas para determinar o seu tamanho.

  1. 1
    Faça uma medição de um ombro até o outro. Como os ombros de homens são geralmente mais largos do que os de mulheres, talvez seja necessário adquirir blusas de tamanho maior e, com a ajuda de uma costureira, reduzir o tamanho da cintura da peça.
  2. 2
    Verifique a medida da cintura na altura do umbigo, e não da linha do cinto. Muitas calças para mulheres são feitas para se adequar a cinturas finas com quadris mais redondos. Talvez seja necessário comprar um tamanho maior e levá-las para uma costureira ajustar a cintura e quadril para que sirvam bem.
  3. 3
    Considere o seu tamanho e peso, e olhe para a tabela de tamanhos. A maioria das lojas virtuais contam com tabelas para ajudá-lo a determinar que tipo de roupa irá ficar bem no comprador.
  4. 4
    Frequente um bazar para adquirir roupas de vários tipos diferentes dentro do tamanho escolhido e leve para casa para experimentá-las. Isso poderá ajudá-lo a determinar um tamanho adequado sem a necessidade de gastar muito dinheiro.
  5. 5
    Verifique o catálogo de empresas online que são especializadas em roupas para crossdresses, como, por exemplo, a rede Janet’s Closet.

Uma condição básica para ser crossdresser


Eu não vou descrever porque vocês vivem isso na pele e sabem que não é fácil ser crossdresser. Ninguém gosta de nós.



No cinema, na televisão e na literatura o crossdressing masculino invariavelmente é retratado de modo desajeitado, ora como tragédia, ora como farsa. Somos mostradas sempre ou como o elemento periférico e destoante da sociedade “normal” e que, portanto tem que ser afastado do convívio com os demais (Vestida para Matar, Brian di Palma, 1980; O Silêncio dos Inocentes, Honathan Demme, 1991) ou como palhaços, fazendo todo mundo rir das nossas trapalhadas como mulher (A Noiva Era Ele, de Howards Hawks, 1949 ou Quanto Mais Quente Melhor, de Billy Wilder, 1959).



O único momento cinematográfico em que o crossdressing masculino é levado a sério é na forma drag, dentro do contexto gay. Entretanto, essas histórias tipicamente focalizam mais a vida e as vicissitudes de homens gays, com o crossdressing (drag) fazendo um papel de apoio secundário(Priscila, a Rainha do Deserto, de Stephan Elliot, 1994 ou Para Wong Foo, Obrigada por Tudo, Julie Newmar, de Beeban Kedron, 1995) 



Para ajuda-las a compreender o meu ponto de vista, tentem imaginar Hollywood fazendo um filme, estrelado por três astros do momento, com o enredo girando em torno de três crossdressers heterossexuais dirigindo de Nova York para um evento em Atlanta e cujo carro quebra em algum pequeno vilarejo ao longo do trajeto. Poupe o seu fôlego...



Sempre que homens heterossexuais se travestem em filmes isso acontece em nome da farsa, da comédia, da palhaçada. Outro dia eu estava olhando títulos na banca de saldos da minha loja local da Barnes & Noble e encontrei um pequeno livro sobre drags no cinema. O livro era muito interessante: se você o folheasse de um jeito, leria sobre homens se vestindo de mulheres nos filmes. Se você o virasse de ponta a cabeça e folheasse de trás para a frente leria a respeito de mulheres se vestindo de homens nos filmes. As duas partes se encontravam no meio do livro.



Em todos os exemplos do livro, as mulheres que se vestiram de homens no cinema encarnaram personagens marcantes, com problemas reais que só puderam ser resolvidos quando elas assumiram a identidade (e o status) de homem. Mesmo quando o filme era uma comédia, as mulheres travestidas de homens não eram, em nenhum aspecto, apresentadas de maneira burlesca ou cômica.



Homens vestidos de mulheres? Jerry Lewis, Os Irmãos Marx, Lou Costello, Tony Curtis, Jack Lemon, Cary Grant. No caso desses personagens, o uso de vestuário feminino é sempre feito no contexto de situações embaraçosas, becos-sem-saída em que até mesmo o “ato desonroso” de vestir-se de mulher passa a ser aceito. Para o público, não era de maneira alguma a opção mais desejável, mas era o único jeito. E isso faz com que a situação dos protagonistas apareça como hilária.



A ficção literária não faz muito melhor. No livro de Tama Janowitz "The Male Crossdresser's Support Group" (O grupo de suporte do Crossdresser Masculino), o personagem principal, uma mulher marginalizada trabalhando para uma Agência de Acompanhantes em Nova York finalmente “estoura” em sua profissão quando ela revela que na verdade é um homem.



A maioria das pessoas nunca vai encontrar nem será apresentada a um crossdresser. Podem até conhecer gente que é crossdresser, mas elas nunca saberão que eles são. Tudo que a maioria das pessoas sabe a respeito de crossdressing chegou a elas não apenas em segunda mão, mas também de modo altamente deturpado e preconceituoso. Definitivamente, nenhum crossdresser pode culpar as pessoas por terem uma concepção tão errada do que é crossdressing.



Mas e o que dizer a respeito da comunidade gay? Posso afirmar que nos meios gays não existe aceitação ampla e irrestrita dos crossdressers. Ao contrário do pensamento das massas, orientação sexual não está inerentemente conectada com gênero, assim como a imagem do homossexual afeminado é apenas um estereótipo.
Ainda que mais e mais organizações de gays e lésbicas estejam adotando políticas de inclusão dos chamados “transgêneros”, eu ainda não acredito que, ao nível de política de relacionamento pessoal, um gay ou uma lésbica sejam particularmente inclinados a aceitar um crossdresser.



Muitos crossdresser pensam que suas saídas estão limitadas aos bares e boates gays das suas comunidades. Eu tenho freqüentado bares nos últimos 25 anos, até mesmo trabalhado na porta de um ou dois. Nos bares, as pessoas não têm o mesmo tipo de comportamento que costumam ter no trabalho ou em casa. Você está tão propenso a encontrar problemas num bar gay como num bar hétero.



Finalmente chegamos à nossa própria pequena comunidade crossdresser, e cara, nossa casa é uma bagunça!



Recentemente o Transgender Fórum colocou a seguinte questão para os seus participantes: “O que mais incomoda você na comunidade transgênera?”

Esmagadoramente, a maior concentração de respostas foi a respeito das suspeitas, disputas e rixas entre crossdressers, travestis e transexuais. O “cisma” existente dentro da comunidade transgênera foi de longe a queixa número um.



Eu tenho podido comprovar isso na própria cidade onde eu moro. Aqui há duas filias de organizações de apoio aos crossdressers. Uma é a Tri-Ess; outra é a auto-denominada “grupo aberto” (Open Group). A freqüência a ambos os grupos é muito baixa, algumas vezes não passa de 4 ou 5 participantes em cada reunião, que é semanal. Novas afiliações estão estagnadas, com o número de novos membros a cada ano ficando igual ou inferior ao número de desligamentos por falta de renovação ou simples desaparecimento.



Embora a política de filiação do Tri-Ess seja mais rígida, a maioria dos afiliados pertencem a ambas as agremiações. A participação de S/Os é praticamente nula.



Eu queria ter ganho um dólar para cada vez que ouvi a frase “ser apenas um crossdresser” ao longo dos últimos dois anos. Vinda de um crossdresser, soa como uma apologia ao gênero. Dita por transexuais, um rebaixamento. Quantas vezes eu ouvi de alguém que começou recentemente a tomar hormônios coisas do tipo “e pensar que há um ano atrás eu era apenas uma crossdresser!”. Você pode imaginar o general Colin Powell se dirigindo a algum negro desempregado da periferia de uma cidade grande dizendo, todo sorridente e feliz, “e pensar que há 40 anos atrás eu era apenas um favelado!”



Eu já ouvi transexuais dizerem que não saem em público com travestis porque elas sempre poderão ser mais facilmente identificadas por estarem perto deles. Por dedução, pode-se concluir que é ainda mais difícil “passar” se estiverem em companhia de crossdressers... Bem, pelo menos transexuais e travestis têm algo em comum conosco: todos nós desejamos “passar”. Deveríamos pensar nisso, antes de nos encastelarmos em esquinas opostas.



Eu não sou nenhum paradigma de feminilidade (seja lá o que for que isto signifique), mas eu sempre me saí muito bem em público. E já fui a restaurantes e lojas com algumas transexuais realmente muito feias e desajeitadas, em função das quais eu recebi um monte de olhares e risinhos maliciosos que me doeram pra burro e deixaram minhas bochechas vermelhas, não de “blush”, mas de raiva. Mas eu tornaria a fazer isso de novo, com prazer.



O mundo hétero não gosta de nós, nós não temos nenhuma serventia para a comunidade gay e mesmo a nossa própria comunidade transgênera gostaria de se livrar de nós. Estranho, considerando que, como pessoas, crossdressers são esposos, pais, empregados, empregadores, profissionais liberais e proprietários de negócios. Cuidamos das nossas famílias, fazemos o nosso trabalho, estamos atentos à educação das nossas crianças, participamos da vida das nossas comunidades, enfim, cuidamos de nós mesmos e não aborrecemos ninguém.



Não fazemos nada que nos torne algum tipo de persona non grata dentro das nossas comunidades. Ah! Eu quase me esqueci: - a gente é crossdresser...



Bem, aqui estou eu, uma página e meia de um artigo intitulado “uma condição básica para ser crossdresser” e nem comecei a responder a questão. Como tem sido o caso de muitos outros tópicos da minha vida, este tema também ganhou um novo enfoque a partir do exercício do meu papel de pai com a minha filha de nove anos.



Nos próximos anos, a vida dessa garota vai ser virada de ponta a cabeça e, na faixa dos 12 ou 13 anos, ela terá de tomar decisões a respeito de fazer sexo, usar drogas, beber, fumar, o que fazer do seu futuro. A maior parte do tempo ela estará em companhia de pessoas que estarão passando pelo mesmo redemoinho existencial, se deparando com os mesmos problemas, ameaças, oportunidades e desafios. Será que ela pode procurar algum tipo de ajuda e aconselhamento entre seus pares? De jeito nenhum!



Como adolescente, ela desejará pertencer ao grupo, simplesmente pelo fato de pertencer ao grupo. Volta e meia, ela terá que decidir se deve se comportar como todo mundo ao seu redor, ou comportar-se da maneira que ela acha mais correta. Como é que ela tomará essa decisão? O que neste mundo poderá prevenir que uma garotinha seja apanhada nas armadilhas e seduções de uma infinidade de mensagens verbais e não verbais que ela recebe diariamente do seu grupo?



A resposta é: uma pequena voz dentro da sua cabeça. Uma voz que a chama, tentando conduzi-la para um lugar seguro dentro dela mesma, onde a sua individualidade possa desabrochar e crescer de maneira segura, calma e auto-sustentada. Onde ela possa viver com ela mesma, do jeito que ela acha que deve ser.



Um amigo meu, muito sábio, que também é crossdresser, chamou-me a atenção para algo contido na nossa linguagem. Nós sempre pensamos nos seres humanos como tendo cinco sentidos: visão, audição, tato, paladar e olfato, embora nós usemos frases como “senso de humor” e “senso de direção”. Ainda que eles sejam sentidos, certamente não podem ser estudados cientificamente, como os cinco sentidos anteriores. Assim, obviamente, a ciência médica não os reconhece. O que dizer, então, a respeito do “sentido de si mesmo”?



Será que você tem um sentido de si mesmo quando deixa outras pessoas dizerem a você quem você é, o que você é, o que você deve pensar, como você deve se sentir? Você pode distinguir entre idéias originais e pensamentos que surgem de dentro de você mesmo e que refletem a atividade do seu “self” ou você permite que de alguma forma as idéias e as palavras de outras pessoas se transformem nas suas próprias?



Um forte sentido de si mesmo torna-se indispensável quando percorremos um caminho como o nosso, que a maioria à nossa volta considera inadequado, desonroso e impopular.



Um forte senso de si mesmo é absolutamente essencial quando participamos de um grupo ou organização que prescreve regras muito rígidas de como seus membros devem ser e agir. A pressão para se conformar a essas regras e condições choca diretamente com nossa noção do que somos como indivíduos.



Geralmente falamos de alienação no sentido relacional ou seja, no sentido de estar distanciado de outras pessoas, fatos ou eventos. Porém, a mais devastadora forma de alienação é o distanciamento de si mesmo, a perda do “self” individual e sua substituição por um “corpo coletivo”, ou seja, os padrões de comportamento do grupo.



Como uma garotinha adolescente, nós crossdressers estamos permanentemente sendo ora ameaçados, ora seduzidos pelo ambiente à nossa volta. As mensagens são claras e consistentes. Para todo lado que a gente olhe, as pessoas e as circunstâncias estão sempre nos dizendo que nós estamos errados. Para muitos, começa dentro da própria casa, com a rejeição e a perplexidade de esposas, filhos, pais, parentes e amigos ao nosso modo de vida. Mesmo entre nossos pares, há quem use o seu conhecimento de crossdressing para nos marginalizar ou nos submeter. E, é claro, dentro da própria comunidade (?) transgênera, há subgrupos que claramente não nos aceitam e francamente nos combatem e rejeitam.



Isto não significa dizer que travestis e transexuais sejam culpadas de todos os problemas dos crossdressers. Longe disso. Transgeneridade é muito mais uma criação de uns mil anos de patriarcado, primeiro cristão, depois patriarcado científico, do que o tabu de homens usando vestuário feminino. A existência de um diagnóstico clínico para a transexualidade e a tecnologia médica para “trata-la” faz as crossdressers parecerem indesejosas de procurarem ajuda para o seu problema. De fato, muitas crossdressers não vêm a si mesmas como tendo problemas.



E isso leva embora uma razão para o crossdressing. No modelo transexual, usar vestuário feminino faz com que a imagem exterior coincida com a imagem interior. Crossdressers, entretanto, não buscam ser mulheres no sentido definitivo do termo. Assim, a imagem interior permanece masculina enquanto a exterior se transforma em feminina. E daí?



E eu ainda vou acrescentar mais. Quando feita de maneira adequada por uma crossdresser que dedica tempo e energia para aprender a criar uma imagem de qualidade, que aprende a arte e o uso da maquiagem, que observa cuidadosamente a moda e aquilo que é mais apropriado usar tendo em vista o seu biótipo, sua aparência exterior é grandemente melhorada. O uso apropriado de maquiagem e vestuário melhora a aparência de qualquer um, homem ou mulher.



Já encontrei pessoas muito atraentes que eram homens usando maquiagem e indumentária feminina. Não garotas espetaculares, apenas pessoas de boa aparência. Elas “passam”? Provavelmente não, mas sua aparência bem cuidada certamente mereceria o respeito e atenção de todos. Não havia nada imoral ou pernicioso na sua aparência ou no seu comportamento.



Muitos crossdressers (e transexuais) não sabem o suficiente a respeito do uso de maquiagem nem sobre o tipo de roupa que lhes cai melhor, nem o que está na moda. Muitos não sabem nem mesmo combinar peças e complementos de vestuário. O resultado disso é uma imagem sofrível. Mas essas coisas são itens que qualquer pessoa pode aprender e melhorar sensivelmente a partir da prática.



Infelizmente, os mesmos quesitos para ser crossdresser – um forte senso de si mesmo e uma natureza independente – também dificultam os crossdressers de se agruparem. Não é do perfil de pessoas com tais características se amontoarem em grandes rebanhos. Figuradamente, podemos dizer que o meio crossdresser é uma comunidade de capitães, cada um à procura de uma tripulação.



Teoricamente, qualquer crossdresser viveria com muito menos stress se permanecesse como um “homem normal”, vivendo o anonimato de uma vida de “homem normal”, fora do alcance de qualquer tipo de reprovação da sociedade.



Mas não é da natureza de quem é crossdresser. Ser CD significa expor a essência da sua própria natureza, ainda que isso desafie todos os cânones da sociedade, por representar a escolha de um caminho não-aceito e condenável.



Para isso é necessário um forte senso de si próprio, uma forte aceitação de si mesmo. É isto que faz um crossdresser. É isso que, de resto, faz qualquer pessoa realizar-se em qualquer coisa que venha a fazer na vida.

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(*) Yvonne é uma crossdresser casada com uma esposa S/O que mora em Albany, na região de Nova York. Seu site contém ótimos artigos e dicas para a vida de toda crossdresser.