Ser crossdresser é perverter a natureza e a ordem natural das coisas? Creio que não. Muito embora fuja ao que se considera como "normal", o crossdressing nada mais é do que a expressão do eu-feminino que existe de maneira intensa em alguns indivíduos, especialmente dos que não temem a situação em si e não se omitem diante dos prazeres mais corrosivos, especialmente de reputações, daí o porque de ser este um fetiche secreto para a grande maioria.
Ir contra a ordem natural das coisas seria, neste caso, não atender a esse chamado e se esconder no armário. Entretanto, os fatores complicadores existem para todos, inclusive para as crossdressers. Especialmente as que estão se descobrindo como tal. Quando se é jovem as dificuldades se avizinham como montanhas intransponíveis em função da inexperiência inerente è juventude, mas com o tempo e a vivência transformam-se em castelos de areia que com as ondas do mar desaparecem.
Portanto, garotos, nada temam. Viver traz em si seus riscos, mas o deixar de viver traz consigo a frustração para toda uma vida. Riscos, por sua vez, são passageiros na maioria das vezes, assim como as consequências de se aceitar como se realmente é. Entreguem-se aos prazeres e vivam a dor e a delícia de ser aquilo que são, parafraseando Caetano.
E que aos olhos do mundo e da natureza continue sendo pervertida pelo fetiche secreto que é viver en femme. Seja entre 4 paredes, nas ruas durante a noite, ou ainda em plena luz do dia, o mais importante é não deixar de viver o que se quer viver, sem medo de ser feliz ou de sofrer. Ter medo é o maior obstáculo para toda e qualquer transformação, pois transformar significa, em última análise, mergulhar no desconhecido para enfim descobrir o que existe além do véu da incerteza.
Assim sendo, desejo a todas vocês, jovens crossdressers que buscam se descobrir enquanto garotas, uma caminhada por uma estrada suave e doce como um sonho bom.
E em cor de rosa.
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