Essa é a história de Marcelo de Oliveira, uma história emocionante e cheia de sofrimento.
Foi transcrita exatamente como ela é sem alterar dado algum. confira na íntegra:
“Mataram meu pai quando eu tinha nove anos. Eu era o caçula de seis filhos, o único homem. Minha mãe, sem dinheiro nenhum, passou a me vestir com a roupa das minhas irmãs.”
“Você é gay?”
“Não, sempre adorei mulher. Tenho dois filhos, fui casado duas vezes, tenho namorada. Já fiz tratamento com psiquiatra, mas não adianta: se me visto como homem, me deprimo demais.”
“Já tentou usar roupas de homem?”
“Quando eu tinha 13 anos, minha mãe se casou de novo e pôde me comprar roupas masculinas. Eu chorava muito, nem comia. Pegava calcinha, sutiã, vestido das minhas irmãs, levava tudo para o mato e vestia escondido. Apanhei muito da mãe por isso.”
“O preconceito é grande?”
“Quase morri uma vez. Me quebraram duas pernas, um braço, quatro costelas e o osso do queixo. O povo me xinga de bicha, de travesti, de tudo que é coisa. Quando chego em casa, me dá uma tristeza… Eu nem saio à noite, não vou a bar nenhum.”
“Você faz o quê?”
“Sou tratorista, trabalho na terra. Uso calça e camisa no serviço, mas por baixo visto calcinha e sutiã. Sou feliz usando roupa de mulher, mas seria muito melhor se me aceitassem.”
“Preciso perguntar sobre a Copa…”
“Não gosto de jogar bola, não gosto de time nenhum, nunca gostei de futebol. Mas Copa do Mundo é diferente: vou torcer porque, para o meu país, eu torço sempre.”
Marcelo de Oliveira, em Sabino (SP)
**Entrevista que realizei há exatos dois anos – e que o Facebook me lembrou hoje – durante o projeto Na Beira da Copa. Nossa expedição cruzou o país para mostrar como o Brasil distante das cidades-sede se preparava para o Mundial. A cada resposta do Marcelo, meu peito se comprimia. Não há repórter blindado a isso.
Foto: Lauro Alves
Fonte: Na Beira da Copa
Foi transcrita exatamente como ela é sem alterar dado algum. confira na íntegra:
“Mataram meu pai quando eu tinha nove anos. Eu era o caçula de seis filhos, o único homem. Minha mãe, sem dinheiro nenhum, passou a me vestir com a roupa das minhas irmãs.”
“Você é gay?”
“Não, sempre adorei mulher. Tenho dois filhos, fui casado duas vezes, tenho namorada. Já fiz tratamento com psiquiatra, mas não adianta: se me visto como homem, me deprimo demais.”
“Já tentou usar roupas de homem?”
“Quando eu tinha 13 anos, minha mãe se casou de novo e pôde me comprar roupas masculinas. Eu chorava muito, nem comia. Pegava calcinha, sutiã, vestido das minhas irmãs, levava tudo para o mato e vestia escondido. Apanhei muito da mãe por isso.”
“O preconceito é grande?”
“Quase morri uma vez. Me quebraram duas pernas, um braço, quatro costelas e o osso do queixo. O povo me xinga de bicha, de travesti, de tudo que é coisa. Quando chego em casa, me dá uma tristeza… Eu nem saio à noite, não vou a bar nenhum.”
“Você faz o quê?”
“Sou tratorista, trabalho na terra. Uso calça e camisa no serviço, mas por baixo visto calcinha e sutiã. Sou feliz usando roupa de mulher, mas seria muito melhor se me aceitassem.”
“Preciso perguntar sobre a Copa…”
“Não gosto de jogar bola, não gosto de time nenhum, nunca gostei de futebol. Mas Copa do Mundo é diferente: vou torcer porque, para o meu país, eu torço sempre.”
Marcelo de Oliveira, em Sabino (SP)
**Entrevista que realizei há exatos dois anos – e que o Facebook me lembrou hoje – durante o projeto Na Beira da Copa. Nossa expedição cruzou o país para mostrar como o Brasil distante das cidades-sede se preparava para o Mundial. A cada resposta do Marcelo, meu peito se comprimia. Não há repórter blindado a isso.
Foto: Lauro Alves
Fonte: Na Beira da Copa